O despertar de Shiva adveio com a prática da yoga. E é com respeito,
admiração e respeito que vou me enveredar por esta senda cósmica.
'Tirobhava' (तिरोभाव) - ilusão
'Anugraha' (अनुग्रह) - liberação, emancipação, graça
Assim Tandava simboliza os ciclos cósmicos de criação e
destruição, bem como de nascimento e
morte.
A dança de Shiva exala energia e retrata de forma clara a manifestação da atividade de Deus.
Arte e religião se misturam.
Shiva é um vingador colérico bem como um pastor de almas. Ele está ligado com a yoga e o ascetismo, mas é também uma figura de poder erótico e é venerado na forma de um lingam, ou falo sagrado. Sua esposa aparece como Sati, Uma ou Parvati, e ele, às vezes, é também unido à Durga e à deusa negra, Kali. Shiva é também o senhor da dança, a fonte de todo movimento no universo. Seus passos de dança pretendem aliviar pela iluminação os sofrimentos de seus devotos.
Os filhos de Shiva com Parvati são também divindades
importantes: Skanda e Ganesha, o deus com cabeça de elefante.
Pose de Shiva – modo de fazer
Técnica: Em pé. Levante o
pé esquerdo de modo que a coxa fique na horizontal, e que o pé fique ligeiramente
apontado para fora. Coloque-se à direita da perna direita. Mantenha o braço
esquerdo paralelo à coxa esquerda e a mão esquerda apontada para baixo. Dobre o
braço direito no cotovelo e coloque o antebraço verticalmente apontado para
cima. A mão direita deve estar em Chin mudra ou Jnana mudra.
O Chin Mudra, também conhecido como Gyan
Mudra, pode ser descrito como um gesto de yoga que representa a unicidade da
consciência humana. Iogues também afirmam que este mudra é o gesto do
conhecimento. É um dos gestos mais usados por aqueles
que meditam ou praticam yoga regularmente.
Chin Mudra (gesto psíquico de consciência):
este mudra é usado quando sentamos para fazer meditação ou para praticar
pranayama, por exemplo a respiração ujjayi, que aquece o corpo e concentra a
mente ao produzir um sussurro pela glote. O restante das mãos ficam sobre os
joelhos ou sobre as coxas viradas para baixo. Este gesto tem um efeito de aterramento
na mente. O dedo médio, anelar e mindinho representam as três qualidades
clássicas de toda a natureza (três gunas). O dedo médio simboliza sattva
(pureza, sabedoria e verdadeira compreensão). Os rajas do dedo anelar
representam ação, paixão e movimento. E os tamas dedo mínimo representam
inércia, letargia e escuridão. Classicamente, o iogue se destina a transcender
esses estados, progredindo das trevas para a luz e da ignorância para a
sabedoria.
Abro um parêntese para esclarecer o que
são mudras.
Mudrās são selos ou gestos energéticos que
atuam poderosamente através do corpo na psique. São certas posições do corpo ou
das mãos que afetam o estado mental. Por exemplo, o Pranāma-mudrā (mãos unidas
à frente do peito) é um gesto que evoca uma atitude mental de não-violência. Outro exemplo é o Jnāna-mudrā ou Jhana
Mudra, o gesto do conhecimento. Muitos mudrās são compostos como
bandhas (contrações) e prānāyāmas (respirações) para potencializar a prática.
As estátuas de Shiva
Shiva aparece em magníficas estátuas com quatro braços
cujos gestos equilibrados expressam o ritmo e a unidade da vida. A mão direita
superior do Deus segura um tambor que simboliza o som primordial da criação; a
mão esquerda superior sustenta uma língua de chama, o elemento da destruição. O
equilíbrio das duas mãos representa a harmonia dinâmica do universo, acentuado
ainda mais pela face calma e indiferente do Dançarino no centro, onde a
polaridade é dissolvida e transcendida. A segunda mão direita ergue-se num
gesto que significa “não tenha medo”, expressando manutenção, proteção e paz.
Por sua vez, a mão esquerda remanescente aponta para o pé erguido, que
simboliza a libertação da fascinação de Maya. O deus é representado dançando
sobre o corpo de um demônio, símbolo da ignorância do homem, e que deve ser
conquistado e aniquilado, para que seja alcançada a iluminação.
108 Karanas of Shiva's Tandava Dance |
O simbolismo da dança de Shiva é representado
pela atitude chamada de "Ananda Thandavam". Shiva tem quatro braços:
uma mão direita segura o "damaru", símbolo
da criação através do som primordial; em uma das mãos esquerdas, o fogo
purificador, símbolo da transformação; a outra mão direita faz o gesto
tranquilizador. Pelo outro lado esquerdo, o gesto protetor; seu pé esquerdo,
levantado, evoca a libertação e salvação; o pé direito esmaga o demônio da
ignorância e do mal.
Nataraja, “O rei da Dança”, é uma representação
do Shiva como o dançarino cósmico, quem apresenta sua dança divina para
destruir o que for necessário no universo e assim poder fazer a preparação para
o Deus Brahma começar o processo de criação.
No centro de um arco de chamas de fogo, Shiva apresenta
a dança da bem aventurança, dança durante a qual o universo foi criado. Ele
dança sobre um anão que é um demônio (Apasmara), que além de representar a
superação da escuridão, também simboliza a passagem do divino ao material. O
rosto neutro de Shiva dá a impressão de equilíbrio, enquanto uma cobra se
enrola no pescoço, representando Shakti e o caráter atemporal desta energia, também
às vezes conhecida como Kundalini.
Esta estatua é um dos mais populares enfeites
numa sala de yoga, sem dúvida é muito vistosa e harmoniosa à vista. Veja no
infográfico mais outros simbolismos que ajudam a entender o significado da
beleza que nesta estatua fica sempre implícita.
Tandasana - a
postura da dança de Shiva – e seus benefícios
Equilibra o sistema nervoso, desenvolve o controle
do corpo e da concentração mental, faz
com que as pernas fiquem flexíveis, melhora a coordenação muscular e postura,
incluindo o equilíbrio físico e nervoso. Desenvolve a concentração e equilíbrio
nos níveis emocional, mental e psíquico e contribuiu para a remoção do estresse
e ansiedade. Fortalece os músculos do tornozelo, do pé e da perna.
A dança cósmica de
Shiva - simbologia
“Oh, meu senhor, tua
mão, que segura o tambor sagrado, colocou o céu, a Terra, outros mundos e
incontáveis almas no lugar correto. Tua mão erguida protege tanto a ordem
consciente da criação como a inconsciente. Todos estes mundos são transformados
pela mão que leva o fogo. Tua mão esquerda dá abrigo às almas sofridas e
cansadas. Teu pé erguido garante a eterna bem-aventurança a todos aqueles que
se aproximam de ti”. (Ananda Coomaraswarny, filósofo e metafísico ceilonês,
um historiador pioneiro e filósofo da arte
indiana, The Dance of Shiva)
Numa visão dinâmica do universo, o movimento e os ritmos
são propriedades essenciais da matéria, a qual se encontra envolvida numa dança
cósmica.
Na Índia, o som é associado com o éter, o primeiro dos
cinco elementos e manifestação penetrante da substância divina. Dele se
desenvolveram os outros elementos, tais como o ar, a água, o fogo e a terra.
A metáfora da dança cósmica encontrou sua expressão mais
bela e profunda no hinduísmo, na imagem de Shiva – o Rei dos Dançarinos, um dos
mais antigos e populares deuses indianos.
Segundo o hinduísmo, todas as coisas são parte de um grande
processo rítmico de criação e destruição, de morte e renascimento, e a dança de
Shiva simboliza esse eterno ritmo de vida e morte que se desdobra em ciclos
intermináveis. Na plenitude do tempo, Ele destrói todas as formas pelo fogo e
lhes concede novo repouso. Isto é poesia e, contudo, também é ciência.
A dança celestial do Senhor Shiva é
extremamente emocionante e encantadora,
com movimentos perfeitamente graciosos e ritmos intensos que demonstram
vigor.
A dança cósmica do Senhor Shiva visa o
bem-estar do mundo. Seu objetivo é a libertação da alma. Shiva não é o
destruidor, mas sim o regenerador.
Você pode testemunhar a dança de Shiva nas
ondas crescentes do oceano, na oscilação da mente, nos movimentos dos sentidos
e nos Pranas, na rotação dos planetas e constelações.
Nataraja de Chidambaram é o dançarino
especialista. Ele tem quatro mãos. Ele mostra Abhaya Mudra a Seus devotos com a
mão esquerda levantada. O significado é: "Ó devotos! Não tenham medo. Vou
protegê-los de tudo”. Uma mão esquerda segura o fogo. A outra mão direita
aponta para baixo no Asura Muyalaka que está segurando uma cobra. Ele levantou
o pé esquerdo de uma forma bonita.
A mão que mostra Abhaya Mudra dá proteção.
Destruição procede do fogo. O pé levantado indica Maya ou ilusão. A mão que
aponta para baixo mostra que os pés são o único refúgio das almas individuais.
Nataraja dança nos corações dos devotos e
queima todo o egoísmo, luxúria, ódio,
orgulho e inveja.
A dança cósmica de Shiva – dança de energia e transformação
A física moderna revelou, pois, que cada partícula
subatômica não apenas executa uma dança de energia, mas também é uma dança de
energia. O mundo subatômico é um mundo de ritmo, movimento e mudança contínua.
A dança de Shiva é a dança da matéria subatômica. Na
mitologia hindu, trata-se de uma contínua dança de criação e evolução,
destruição e renascimento, envolvendo a totalidade do cosmos e constituindo a
base de todos os fenômenos naturais.
A mensagem não poderia ser mais clara: tudo aquilo
que é criado, um dia morrerá, para poder renascer e seguir o fluxo evolutivo.
No entanto, nada no universo morre realmente, só há mudança de plano e padrão
vibracional. A energia não nasce e nem morre, só é transformada.
Nataraja – o Shiva dançarino
Na Índia, cada dia da semana é dia de algum deus.
Segunda feira é dia de Shiva, o deus transformador da yoga. Shiva é retratado
de diversas formas e uma delas é Nataraja. O Shiva dançarino.
A dança cósmica de Shiva dançarino (Nataraja)
simboliza o eterno movimento do Universo que foi impulsionado pelo ritmo
regular da dança e começou a manifestar-se em todas as formas. Deuses, demônios
e outras criaturas sobrenaturais acercaram-se de Shiva e ficaram maravilhados.
Às vezes ele cessa o som do seu tambor para procurar um ritmo novo e melhor.
Nesse momento, o Universo desaparece e só renasce quando a música recomeça. O
círculo de chamas em volta de Shiva é, ao mesmo tempo, energia em sua forma mais
pura, o fogo de cremação e símbolo do mantra sagrado AUM, o som básico da
criação. O anão aos pés de Shiva representa a ignorância, e o tambor em sua
mão, a combinação dos aspectos masculino e feminino. O som do tambor indica que
o som é a fonte da criação e que o deus é a fonte do som (Nada-Brahma). O fogo
na palma da mão revela sua habilidade para destruir o Universo e a mão
estendida, imitando um elefante, representa sua força, enquanto o pé levantado
simboliza liberação.
Mas
quem é Shiva, Shiva Tandava, o Senhor Shiva?
Shiva também
escrito como Xiva, Siva ou Civa,
o auspicioso, o propício, o amável, o benigno, o benevolente, o amistoso, o terno,
É um dos deuses da trimúrti, a trindade
hinduísta, Deus (Deva) hindu.
Chamado de "o Destruidor"' (ou "o Transformador"),
participa da Trimúrti (a
trindade hindu) juntamente com Brama (Brahma),
"o Criador", e Vixnu (Vishnu),
"o Preservador".
Shiva, que significa “auspicioso”, é também
conhecido como o Deus supremo (Mahadeva), o pacífico (Shankara) e o
benevolente, onde reside toda a alegria (Shambo ou Shambhu). Assim, defende os desprotegidos e conduz os
ignorantes à luz.
Shiva tem
várias esposas, chamadas shaktis, que representam a força feminina,
consideradas o aspecto feminino do deus. Quatro delas se destacam: Parvati,
Umma, Durga e Kali. Parvati é a deusa do amor, jovem, bonita, deu à luz a
Ganesha, o deus da sabedoria com cabeça de elefante. Umma representa a
maternidade, Durga, a justiça e Kali, a morte.
Ganesha, Shiva
e Parvati
Sobre sua origem
Ganesha é filho de Shiva e Parvati. Shiva
é o Deus criador da yoga, vivia nas montanhas dos Himalayas e raramente
visitava sua esposa Parvati. Shiva e Parvati abraçados são a representação do
Tantra. Os Puranas dizem que a relação sexual durava milênios, mas Shiva não
ejaculava, tinha completo domínio (Vama Tantra), assim Shiva não tinha filhos.
Parvati gostava de se preparar para receber Shiva, mas todos os guardiões
falhavam quando se tratava de Shiva, assim Parvati resolveu ter o seu próprio
filho e guardião; retirou de si o material e deu vida à criança. Ganesha
aprendeu a lutar bravamente e se tornou o guardião de seus aposentos. Um dia
Shiva chegou e quis entrar, Ganesha bloqueou sua entrada. Shiva não aceitou de
ser impedido de entrar e ordenou que seus guardas lutassem. Ganesha venceu todo
o seu exército. Então Shiva lutou até decaptar Ganesha. Parvati chorou muito e
reivindicou que Shiva devolvesse a vida à seu filho. Shiva disse que ele não
podia ser seu filho, realmente ele era somente filho de Parvati - a matéria
mortal. Assim Shiva ordenou que seu exército fosse para o norte e que
trouxessem a primeira cabeça de um ser vivo que encontrassem. Encontraram um
elefante. Shiva colocou a cabeça de elefante sobre o corpo do menino e deu vida
a ele. Parvati exigiu que Ganesha fosse o primeiro a ser reverenciado em todos
os rituais. Ganesha passou a ser filho também de Shiva e se tornou um Deus.
Yoga
Na tradição hindu, Shiva é o
destruidor, que destrói para construir algo novo, motivo pelo qual muitos o
chamam de "renovador" ou "transformador".
Na mitologia hindu, Shiva simboliza a destruição,
a renovação, a transformação. É por meio dele que o mundo e todos nós
evoluímos, deixando o passado para trás para dar lugar ao novo. Só poderia partir
dele, portanto, a criação da yoga, afinal, esta prática conduz à transformação
física, mental e emocional, e rumo à evolução espiritual.
As primeiras representações surgiram
no período Neolítico (em
torno de 4000 a.C.) na
forma de Pashupati, o
"Senhor dos Animais". A criação do yoga, prática que produz transformação física, mental e
emocional, portanto intimamente ligada à transformação, é atribuída a ele.
Nataraja
Neste aspecto, Shiva aparece como o
rei (raja) dos
dançarinos (nata). Ele dança dentro de um círculo de fogo, símbolo da
renovação e, através de sua dança, Nataraja cria, conserva e destrói o
universo. Ela representa o eterno movimento do universo que foi impulsionado
pelo ritmo do tambor e da dança. Apesar de seus movimentos serem dinâmicos,
como mostram seus cabelos esvoaçantes, Shiva Nataraja permanece com seus olhos
parados, olhando internamente, em atitude meditativa. Ele não se envolve com a
dança do universo, pois sabe que ela não é permanente. Como um iogue, ele se
fixa em sua própria natureza, seu ser interior, que é perene.
Em uma das mãos, ele segura o Damaru,
o tambor em forma de ampulheta com o qual marca o ritmo cósmico e o fluir do
tempo. Na outra, traz uma chama, símbolo da transformação e da destruição de
tudo que é ilusório. As outras duas mãos encontram-se em gestos específicos. A
direita, cuja palma está à mostra, representa um gesto de proteção e bênçãos (abhaya
mudrá). A esquerda representa a tromba de um elefante, aquele que destrói
os obstáculos.
Nataraja pisa com seu pé direito
sobre as costas de um anão. Ele é o demônio da ignorância interior, a
ignorância que nos impede de perceber nosso verdadeiro eu. O pedestal da
estátua é uma flor de lótus, símbolo do mundo manifestado. A imagem toda nos
diz: "Vá além do mundo das aparências, vença a ignorância interior e seja
como o Senhor Shiva, o meditador, aquele que enxerga a verdade através do olho
que tudo vê (terceiro olho, Ájña
Chakra)."
Conta uma antiga tradição indiana que o
Senhor Shiva sempre que decide vir à Terra toma a forma humana de um iogue
errante. Shiva é a divindade que, mais do que qualquer outro deus indiano,
serviu de modelo aos iogues. Segundo essa mesma tradição, Shiva realmente
existiu, há milhares de anos, na forma humana de um sábio iogue. No entanto, as
histórias a ele relacionadas apresentam um caráter um tanto quanto mitológico.
Sua imagem encontra-se constantemente associada ao monte Kailash, no Himalaia -
morada das neves -, sua principal residência e alvo de inspiração dos iogues,
sadhus (ascetas virtuosos) e samnyasins (renunciantes da vida mundana).
Shiva, o pai da yoga, é uma das personalidades mais citadas nos Puranas (Espécie de enciclopédia popular de caráter semirreligioso que aborda cosmologia, teologia e, especialmente, histórias dos deuses, reis e sábios da antiga Índia). Acredita-se que Shiva tenha vivido um período de sua vida nu, com apenas uma fina camada de cinza recobrindo seu corpo – como vivem, ainda hoje, muitos iogues reclusos na Índia – ou como se vestiam os antigos ascetas hindus que moravam nas distantes florestas e nas cavernas do Himalaia.
Shiva, o pai da yoga, é uma das personalidades mais citadas nos Puranas (Espécie de enciclopédia popular de caráter semirreligioso que aborda cosmologia, teologia e, especialmente, histórias dos deuses, reis e sábios da antiga Índia). Acredita-se que Shiva tenha vivido um período de sua vida nu, com apenas uma fina camada de cinza recobrindo seu corpo – como vivem, ainda hoje, muitos iogues reclusos na Índia – ou como se vestiam os antigos ascetas hindus que moravam nas distantes florestas e nas cavernas do Himalaia.
Muitas vezes, Shiva é representado
trajando apenas uma pele de tigre ao redor da cintura e/ou uma espécie de manta
– também do mesmo material – em torno do tronco, com um de seus ombros
descoberto e com algumas serpentes najas ao redor do pescoço, da cintura e dos
braços, e uma lua crescente em seu longo e indisciplinado cabelo. A respeito
dessa representação, há uma antiga e interessante história que conta como ele
adquiriu tal aparência.
Mitologia em torno de Shiva é vasta, mas
ele existiu como ser humano há milhares de anos.
Certa vez, o rei dos demônios, incomodado
com a sabedoria e os poderes de Shiva, enviou um dos seus súditos na forma de
uma peçonhenta serpente naja para matá-lo. Antes que a serpente o mordesse,
Shiva - o “Senhor de todas as Criaturas” -, agilmente, pegou-a com a mão,
domou-a e a colocou como adorno ao redor de seu pescoço. Então, a serpente
tornou-se sua fiel amiga e companheira. Furioso, o rei dos demônios enviou
outro demônio mais feroz na forma de um terrível tigre. Ao lutar com o feroz
animal, Shiva percebeu que ele não poderia ser adestrado e que precisaria
matá-lo. Com a sua pele, confeccionou uma roupa para se vestir.
Essa história mostra-nos que os
momentos difíceis e de atribulações podem muito ajudar a crescer como pessoa, a
compreender muitas situações e, consequentemente, tornar melhor e mais capaz;
que não se deve desesperar e desanimar e, sim, procurar extrair das
circunstâncias desfavoráveis algo de útil, um aprendizado ou proveito, assim
como o fez Shiva. A partir desse posicionamento, é possível tornar-se mais
autoconfiante, experiente, forte e sábio.
Shiva como Mahadeva é o grande deus
do panteão hindu; como Shankara (o pacificador), um iogue meditante; e como
Shambo ou Shambhu, o mestre benevolente. Shiva, muitas vezes, é também
representado portando em sua mão um tridente – trishula – arma sagrada com a
qual ele destrói o mal e a ignorância. A naja é a mais mortal das serpentes.
Uma naja como adorno ao redor do pescoço e da cintura simboliza que Shiva
dominou a morte, tornou-se imortal. Ela também representa a kundalini desperta,
o constante estado de samadhi – de superconsciência – em que ele se encontra. O
tambor (damaru) que ele segura na mão, quando assume a forma de Nataraja – o
deus dançante –, simboliza o som do nascimento do universo (o mantra OM). É com
ele que Shiva marca o ritmo do universo, as eras (yugas) e o compasso de sua
dança. O touro branco (nandi) é a sua montaria e seu mais fiel companheiro.
Esse animal quase sempre se encontra próximo de Shiva. Montar um touro branco
simboliza dominar a violência, controlar a própria força e a energia sexual.
Os trechos abaixo transcritos falam
a respeito da música, do poder do som e do Om enquanto vibração criadora que
exterioriza toda a criação, enquanto poder cósmico vibratório, e foram retirados do livro de Yogananda
denominado “Autobiografia de um Iogue”:
“O Sama Veda contém os mais antigos escritos do mundo sobre ciência
musical. Na Índia consideram-se música, pintura e teatro como artes divinas.
Brahma, Vishnu e Shiva, a Trindade Eterna, foram os primeiros músicos. Shiva,
em seu aspecto de Nataraja, o Bailarino
Cósmico, é representado nas Escrituras como aquele que deu origem às infinitas
variações de ritmo nos processos de criação, preservação e destruição
universais, enquanto Brahma e Vishnu marcavam o compasso: Brahma ao tinir os
címbalos e Vishnu ao fazer soar o mridanga
ou tambor sagrado.”
“Os rishis da antiguidade descobriram essas leis de aliança sonora
entre a natureza e o homem. Sendo a natureza uma objetivação de Om (Som Primordial ou Verbo Vibratório),
o ser humano pode obter o controle sobre todas as manifestações naturais
através do uso de certos mantras ou cantos.”
“A música hindu é uma arte subjetiva,
espiritual e individualista cujo fim não é o brilho sinfônico mas a harmonia
pessoal com a Superalma. Todos os cânticos famosos da Índia foram compostos por
devotos do Divino. A palavra sânscrita para ‘músico’ é bhagavatar, ‘aquele que canta os louvores de Deus’. ”
“Os sankirtans, ou reuniões musicais, são uma forma efetiva de yoga ou
disciplina espiritual, necessitando concentração intensa – absorção no âmago do
pensamento e do som. Sendo o próprio homem uma expressão do Verbo Criador, o
som exerce sobre ele efeito potente e imediato. A grande música religiosa do
Oriente e do Ocidente alegra o homem porque causa um temporário despertar vibratório
de seus centros ocultos na espinha dorsal. Nestes beatíficos momentos,
reacende-se algo da lembrança de sua origem divina.”
Shiva e a lua
A Lua (chandra) continuadamente muda
de fase, o que representa os ciclos da natureza e a renovação a qual todos os
seres estão sujeitos, o ciclo do nascimento e da morte. Também representa as
emoções humanas e suas alternâncias. Uma lua crescente na cabeça simboliza que
Shiva também dominou as emoções e alcançou a equanimidade. A Lua reflete a luz
recebida do Sol. No cabelo de Shiva, ela reflete a luz do Absoluto. O rio Gaṅgā
(Ganges) que jorra do alto da cabeça de Shiva simboliza a purificação, meio
pelo qual ele confere aos devotos a dádiva da libertação (moskha).
De acordo com a lenda dos Puranas, o
sagrado rio Gaṅgā (Ganges) desceu do céu. Como talvez a terra não pudesse
suportar o impacto da poderosa descida, o Senhor Shiva reteve as águas do Gaṅgā
em suas tranças, de onde liberou o rio numa correnteza benigna.
Outro poderoso símbolo relacionado a
Shiva é o linga (o falo). Alguns de seus seguidores (shaivas), especialmente os
lingayatas, usam o shiva-linga como amuleto. No interior dos templos hindus
dedicados a Shiva existem lingas de vários tamanhos, confeccionados de rocha,
mármore ou metal, que são reverenciados com guirlandas de flores, incensos,
frutas e leite pelos brâmanes (casta sacerdotal) e devotos. Para os iogues e
hindus, a representação ereta do pênis não significa algo obsceno e/ou imoral,
e sim o aspecto masculino do criador, a representação do princípio da fertilidade,
do poder e da força de Shiva.
Thillai Nataraja Temple |
Uma das
representações mais importantes de Shiva é: (1) Natharaja – o “Rei (raja) dos
Mestres (natha)”, também reverenciado como o “Senhor dos Dançarinos”, com
quatro braços, ele dança envolto pelo elemento fogo, símbolo da transformação e
renovação, e sobrepuja com um de seus pés o demônio anão da ignorância - imagem
ao lado. Através de sua dança – tandava –, Shiva cria, conserva e dissolve o
universo.
Shiva Natharaja - "O Senhor dos
Dançarinos"
A natureza e todas suas
manifestações são resultantes de sua eterna dança. Pashupati – o “Senhor dos Animais e de todas
as Criaturas”. E Ardhanarishvara – Shiva é representado, ao mesmo tempo, com o
seu aspecto masculino (lado direito: Shiva, consciência ou Purusha) e feminino
(lado esquerdo: Parvati, matéria ou Prákriti). Aí simboliza o princípio
masculino e feminino do universo.
Shiva parece não se adequar a um
padrão comportamental definido, foi um grande revolucionário. Às vezes,
compenetrado, contemplativo, sério, severo, guerreiro, invencível. Outras
vezes, sereno, benevolente, brincalhão, bom esposo e frágil. Shiva, algumas
vezes, parece não dar importância à etiqueta social e às regras morais de sua
época.
No entanto, autêntico, verdadeiro,
sábio e benevolente, Shiva é o epítome do verdadeiro iogue, da liberdade, da
sabedoria, do poder, da espiritualidade e de uma consciência completamente
desperta, desapegada e iluminada. Tornou-se o grande Mestre e Senhor dos Iogues
– Yogiishvara – e um dos deuses mais fascinantes, adorado e reverenciado de
toda a Índia.
Shiva é geralmente representado nas ilustrações
tradicionais indianas com os seguintes elementos:
Trishula: é arma com
que ele destrói a ignorância dos homens. As pontas desse tridente representam
as três qualidades da matéria: tamas (a inércia), rajas (o movimento) e sattva
(o equilíbrio).
Cobra naja: simboliza a
imortalidade e a energia do fogo. As cobras enroladas em seu corpo demonstram
que Shiva venceu a morte e é imortal. Na yoga, a cobra também representa a
energia do fogo, chamada kundalini, que fica na base da coluna e é capaz de
ativar os chakras e expandir nossa consciência.
Gaṅgā: no topo da
cabeça de Shiva é comum representar-se um jorro de água que alude ao rio Ganges
ou Gaṅgā. Segundo a lenda, o Ganges era um rio muito violento e por isso não
poderia descer à Terra, porque a destruiria com a força do seu impacto. Então,
Shiva para ajudar aos homens, permitiu que o rio caísse primeiro sobre sua
cabeça, amortecendo a queda e depois corresse sobre a Terra.
Damuru: é um tambor
indiano em forma de ampulheta que segundo o hinduísmo representa o som da
criação do Universo que, por sua vez, nasce da sílaba OM. É com o som desse
tambor que Shiva marca o ritmo do universo e o compasso de sua dança. Se ele
deixar de tocar por um instante, todo o universo se desfaz e só reaparece
quando a música recomeça.
Nandi: é o touro
branco que acompanha Shiva, seu mais fiel servo. O touro está associado às
forças da terra, simboliza a devoção e a masculinidade. Montar o touro branco,
significa dominar a violência e controlar sua própria força. Nos templos
dedicados a Shiva, Nandi está sempre deitado, vigiando o portão principal e à
espera de seu mestre.
Lua crescente: este astro,
com suas alternâncias de fases, representa os ciclos da natureza e a renovação
contínua a que todos estamos sujeitos. A lua também simboliza nossas emoções.
Quando Shiva usa a lua nos cabelos, demonstra que está além das emoções e das
variações e mudanças.
A PRONÚNCIA
OM NAMÁ CHIVÁIA
O SIGNIFICADO
Este é o Grande Mantra da Salvação e Significa: “Eu invoco/ confio/ honro e me curvo à luz do
Senhor Shiva”
"OM NAMAH
SHIVAYA" - É um
mantra é composto fisicamente de sílabas soadas de forma a influenciar o
sistema humano, vibra afetando a matéria física, emocional e mental. Em
determinado sentido cada palavra é um mantra. A palavra é muito poderosa, todo
momento estamos presenciando isto em nosso dia a dia ao utilizamos palavras
para obtermos o que desejamos (e o que não desejamos).
Os poderosos mantras que chegaram aos tempos
atuais, pelo caminho da tradição védica, ou foram divinamente revelados, ou
foram ouvidos pelos rishis e iogues de tempos imemoriais, quando se encontravam
em estados transcendentais de consciência.
Conforme os vedas, o mantra Om Namah Shivaya é o
corpo do Senhor Nataraja, o Dançarino Cósmico. É o lar de Shiva.
OM NAMÁ SHIVÁYA. SHIVA OM NAMÁ.
Om Namah Shivaya!
Que tenhamos uma vida feliz com saúde física e
mental, juventude, entusiasmo, força, virilidade, ética, ousadia, coragem,
sensibilidade às artes, conhecimento das ciências, sentidos aguçados e
riquezas!
Que tenhamos uma vida benéfica com boas
intenções, sem cobiças, procurando paz e tranquilidade, observando mais,
preservando as virtudes, respeitando o outro, controlando a paixão, a raiva, a
inveja, o orgulho e o prestígio, que nos entreguemos mais à caridade,
meditação, que busquemos adquirir espiritualidade e inteligência para esta vida
e para próxima vida!
Namastê!