domingo, 29 de março de 2015

Tai Chi Chuan (太極拳 - Tàijí quán) - Poesia (詩) em movimento




Tai Chi Chuan - Poesia em movimento

Definição

Tai Chi Chuan (em chinês: 太極拳 pinyin: Tàijí quán) pode ser considerado uma arte, uma filosofia e um tipo de luta marcial.

A base do Tai Chi está na teoria do yin-yang que envolve o fluxo de energia e dos opostos que se complementam: vencer o movimento através da quietude; vencer a dureza através da suavidade e vencer o rápido através do lento.

Os seus princípios filosóficos se baseiam no taoísmo e na alquimia chinesa.

É reconhecido também como uma forma de meditação em movimento. É uma ferramenta para o exercício da meditação, porque exercita a mente.

Enquanto arte marcial, pode ser utilizado para o combate e autodefesa.

Seus movimentos são mais lentos justamente para conseguir captar (sentir) a energia da natureza e acompanhar o próprio fluxo de energia interior, de modo a não alterar o ritmo dos batimentos cardíacos.

Com certeza, todos nós termos energia (“chi”), mas resta saber se nós sabemos usar esta energia que possuímos. Temos a riqueza, mas não sabemos o que fazer com ela. Então ela não valerá para nada. Portanto, temos que saber converter essa energia em amor de Deus, amor puro e verdadeiro.

A prática do Tai Chi Chuan busca o equilíbrio entre mente, corpo e espírito, o que certamente vai estabilizar o equilíbrio das forças vitais do organismo, além de causar uma sensação de paz e harmonia.

A busca da harmonia está presente nas posições e movimentos do Tai Chi. A apresentação que se segue em forma de slides nos permite sentir toda a graciosidade da harmonia presente no Tai Chi. Aproveito para agradecer a colaboração do meu professor e parceiro, Dr. Wang, que com paciência  e dedicação me ensinou algumas noções básicas do Tai Chi e do taoísmo.

“Não existe melhor modo de obter os conhecimentos adequados sobre alguma arte do que aprendê-la diretamente dos mestres”.





“Tudo que é valioso tem harmonia em si como sua própria essência. Sem harmonia não há Deus. A harmonia na existência prova que algo a mantém  coesa, algo invisível. Sem harmonia não há amor. Mas ela é um fio invisível, ninguém pode vê-la.
Todo mundo pode senti-la. O amor nos deixa cientes do fato de que tudo que é visto pode não ser tudo, pode existir mais do que é visível. A realidade não termina com o visível. Há um plano diferente de sentimento, muito mais profundo, muito mais básico.
Sem harmonia não há alegria. Quando você está em harmonia, a alegria irradia de você naturalmente, espontaneamente. Ela se torna sua vibração.
Uma pessoa harmoniosa com certeza será alegre e bonita. Isso é inevitável, porque não há nada mais bonito que a alegria, nada mais gracioso que a harmonia”. (Meditações para a noite – Osho)

Assim, praticar o  Tai Chi Chuan até obter um fluxo de energia contínuo e fusão com a energia universal do cosmo, além de ser uma forma de retornar ao grande vazio,  permite alcançar a plenitude espiritual.

Ideogramas do Tai Chi Chuan

Os ideogramas que compõe a palavra Tai Chi Chuan significam:

, Tai, significa "o maior", "o mais alto", "supremo", "absoluto".

(ou em chinês simplificado), Chi (ou Ji), significa, original e literalmente, a parte mais alta do telhado - "cumeeira". Por extensão, significa também "polar".

, Chuan (ou Quan), significa "Punho", aqui simbolizando "soco", "luta a mãos livres" (desarmadas), "boxe"

Diagrama do Tai Chi

Portanto, algumas das possíveis traduções literais de Tai Chi Chuan são: "Punho da suprema cumeeira", "punho do limite supremo", "punho do tai chi" e "punho do estado supremo, acima das polaridades". Como cada ideograma pode ter mais de um sentido, há outras formas de se traduzir o termo além destas.

No taoísmo, onde o Tai Chi Chuan teve sua origem, o Tai Chi ("suprema cumeeira", "limite absoluto" ou "estado supremo, acima das polaridades") tem a conotação filosófica de "elevação", "sublimação", "purificação", resultante, entre outros, do desenvolvimento de um mecanismo de defesa emocional pelo qual tendências ou sentimentos considerados "inferiores" se transformam em tendências e sentimentos considerados "superiores".

O Tai Chi também simboliza o "Cosmo" e a interação dos princípios energéticos yin e yang (que estão em constante mutação), sendo conhecida a sua representação pelo tai chi tu (diagrama do tai chi), mais conhecido no Ocidente como o "símbolo do yin-yang".




O Tai Chi Chuan tem suas raízes na China, sendo, atualmente, uma arte praticada no mundo todo. É apreciado no ocidente especialmente por sua relação com a meditação (tao yin) e com a promoção da saúde, oferecendo, aos que vivem no ritmo veloz das grandes cidades, uma referência de tranquilidade e equilíbrio.

História da origem do Tai Chi Chuan

O aspecto lendário é, geralmente, encarado como uma metáfora para indicar o desenvolvimento dos princípios do Tai Chi Chuan através da figura do taoísta imortal Chang San Feng.

Mas historicamente, o Tai Chi Chuan foi criado por Chen Wangting (1600-1680) na passagem da dinastia Ming para a dinastia Qing. Esta é a versão considerada oficial pelo governo chinês .

Chang San Feng (1247-?), que então vivia num templo taoísta do monte Wudang, já teria desenvolvido uma arte conhecida como "Os trinta e dois estilos do punho longo de Wudang" e, posteriormente, criou "As treze posturas do tai chi", após observar uma luta entre um pássaro (grou) e uma cobra, quando constatou que a flexibilidade se sobrepunha à rigidez, compreendendo a prática da alternância entre o yin e o yang e outras concepções da natureza, que se constituem na base do que depois passou a ser chamado de Tai Chi Chuan.



O sucessor de Chang San Feng  foi o também monge taoísta Taiyi Zhenren que, no final da dinastia Ming, difundiu a arte entre os discípulos do monte Wudang. Entre esses discípulos, encontrava-se outro monge de nome Ma Yun Cheng.

Ma Yun Cheng transmitiu a arte para vários discípulos célebres, entre eles Mi Deng Xia e Guo Ji Yuan, popularmente conhecidos como "os dois santos" e Wang Zhong Yue, que denominou essa arte de Wudang Tai Chi Chuan e escreveu o "Tratado de Tai Chi Chuan", um dos Clássicos do Tai Chi Chuan.

Wang Zhong Yue transmitiu o Tai Chi Chuan ao famoso mestre Zhang Song Xi, que depois o ensinou a Dan Si Nan, que veio a ter como discípulo Wang Zheng Nan, que se referia à arte de Wudang como uma arte interior, distinta das artes de Shaolin, que ele chamava de arte exterior.

Origem

Os criadores do Tai Chi Chuan basearam sua arte na observação da natureza - não apenas na observação dos animais, mas também no estudo dos princípios da interação entre os diversos elementos naturais.

Como somos parte desta natureza, o conhecimento destes princípios e de como atuam dentro de nós, estudados pela medicina tradicional chinesa, revelam o Tai Chi como uma fonte efetiva de energia que se encontra em nosso interior, situada na região do corpo nomeada pelos chineses de dantian médio.

Estilos

São cinco os estilos de Tai Chi Chuan reconhecidos como tradicionais pela comunidade internacional: cada um deles recebeu o nome da família chinesa que o criou, desenvolveu e transmitiu. Todos têm a mesma essência e seguem os mesmos princípios básicos, diferindo apenas na forma. Por ordem cronológica, temos:

Tai chi chuan estilo Chen (陳氏)
Tai chi chuan estilo Thssen (陳氏)
Tai chi chuan estilo Yang (楊氏)
Tai chi chuan estilo Wu/Hao (武氏)
Tai chi chuan estilo Wu (吳氏)
Tai chi chuan estilo Sun (孫氏)
Ordenados por sua popularidade, considerando o número de praticantes, teríamos: Yang, Wu, Chen, Sun e Wu/Hao.

O Tai Chi Chuan como arte marcial

As considerações feitas a partir de agora foram baseadas e até mesmo compiladas da obra “O livro completo do Tai Chi Chuan” de Wong Kiew Ki, traduzido por Afonso Teixeira Filho, da Editora Pensamento.



O Tai Chi Chuan, ou Taijiquan, em chinês românico, é considerado uma luta marcial, um sistema de luta conciso e abrangente, que se utiliza das quatro principais formas de ataque: bater, chutar, derrubar e agarrar. A natureza do treinamento do Tai Chi Chuan induz à disposição e a sentimentos calmos.

O desejo de vingança, o orgulho de matar e a crença de que em combate o único objetivo é derrotar o oponente não faz parte da mecânica e da psicologia do Tai Chi Chuan. Sua estratégia de combate reside no fluir com os movimentos do oponente em vez de ir contra eles. Permanecer relaxado e calmo ajuda nas técnicas de combate, porque a força do golpe provém do fluxo interior de energia e não de um impulso mecânico.

O Tai Chi Chuan não é uma luta marcial agressiva, uma vez seus movimentos se baseiam numa arte ou técnica conhecida como Empurrar as Mãos, na qual os braços entram em contato mútuo em movimentos rítmicos. O objetivo é sentir a fraqueza do outro, como, por exemplo, uma abertura desguarnecida ou um momento de desequilíbrio, de modo que um praticante possa empurrar o oponente sem feri-lo. Quando se pratica o Empurrar as Mãos, o praticante flui junto não só com os movimentos do adversário, mas também com os sentimentos dele. Ao se perceber que o parceiro está hesitante, ansioso ou distraído, pode-se aproveitar da oportunidade e derrubá-lo.

A filosofia do Tai Chi Chuan não surgiu com comandantes militares cujo objetivo era matar, mas sim com mestres taoístas que queriam prolongar a vida e alcançar a imortalidade. E o taoísmo é conhecido pelo amor à liberdade, pelo desprezo por frivolidades mundanas e pelo pendor pela jovialidade. Assim, o espírito do Tao se manifesta na prática do Tai Chi Chuan através de uma atitude despreocupada, alegra e espontânea, seja em sua prática solitária quanto no treinamento com os companheiros.

A riqueza do Tai Chi Chuan – corpo e mente

Como desenvolver a lucidez mental necessária para observar calmamente os movimentos do oponente e canalizar a energia intrínseca para as mãos e pernas e desferir golpes poderosos? Aumentando o poder da mente com a meditação e a energia intrínseca com a prática do Tai Chi Chuan.




O Tai Chi Chuan é a arte que melhor demonstra que a força bruta ou mecânica  não é necessária para lutar.

O Tai Chi Chuan não requer nenhum uniforme ou roupa específica para praticá-lo.

Mas não resisti e acabei escolhendo estas roupas!!!




 Os métodos de treinamento do Tai Chi Chuan são graciosos e elegantes.

A arte do Tai Chi Chuan enfatiza a clareza de pensamento, disposição relaxada e aversão à brutalidade.

Não existe no Tai Chi Chuan atitude tensa e competitiva.

Os praticantes de Tai Chi Chuan geralmente se interessam pela literatura, pintura, música e xadrez.

O rico conjunto de teorias do Tai Chi Chuan se encontra registrado em linguagem poética. E os princípios das várias técnicas eficazes de luta e de treinamento da força podem ser aplicados à vida diária. O princípio quádruplo do treinamento da força ajuda a diferenciar o real do aparente, ajuda a regular a respiração, ajuda a usar a mente e não a força e ajuda a permanecer calmo.

O Tai Chi Chuan difere das demais artes marciais, pois não se utiliza de um treinamento da forma simplista e mecânica. Métodos grosseiros e rudes de treinamento da força com sacos de areia, corrida dentre outros na verdade diminuem a capacidade de luta do praticante, visto que aumentam a força e a resistência aparentemente.

Socar um saco de areia endurece o punho, mas não aumenta a força. Todo aumento do poder não resulta do contato repetido do punho contra o saco de areia, mas sim da ação repetida de socar. Portanto, se a pessoa apenas socar o ar, em vez do saco de areia, que causa dor, o aumento do poder do soco será maior e mais rápido. É preciso diferenciar o real do aparente. O uso da força interior é o diferencial. Não se pode fazer do punho um martelo de osso. Tem-se que fazer do punho uma ponte ligando a força interior da pessoa ao oponente. Temos que utilizar a respiração a nosso favor, pois desta forma também estaremos  utilizando a mente e permaneceremos calmos e relaxados e ao mesmo tempo estaremos aumentando a força interna do soco.


Ao socar um saco de areia o aumento da resistência é aparente, e não real, pois, se o aumento da atividade não for seguido pelo treinamento da mente, conseguiremos apenas ficar sem fôlego. O coração também estará trabalhando mais, e o sangue corre de forma artificial. Isso leva à tensão e impede a pessoa de pensar com clareza e reagir espontaneamente no combate. A longo prazo, isso pode afetar a saúde. Os métodos do treinamento da força do Tai Chi Chuan sobrepujam essas desvantagens.

O Tai Chi Chuan e sua contribuição na saúde, no aperfeiçoamento do caráter e na filosofia

O Tai Chi Chuan, além de ser uma eficiente arte de luta, pode ser eficaz na cura e na prevenção de doenças orgânicas e psicóticas, como hipertensão, reumatismo, asma, gastrite, insônia, enxaqueca, depressão e nervosismo – exatamente as mesmas doenças que a medicina convencional considera incuráveis. Praticado adequadamente, ele pode prevenir ou aliviar dores nos joelhos. Além disso, ele oferece um sistema suave de exercícios para promover a saúde e a vitalidade. Quem não tem tempo ou acha que exercitar-se numa academia é muito difícil, pode encontrar uma resposta positiva no Tai Chi Chuan. Apenas quinze minutos por dia, no conforto de casa, proporcionam todo o exercício de que precisamos, mas para o qual não temos tempo ou energia. Os benefícios não são só físicos. O aspecto meditativo do Tai Chi Chuan e sua ênfase nos movimentos relaxados contribuem para a serenidade da mente e a clareza do pensamento.



Enquanto muitas artes marciais deixam seus praticantes beligerantes e agressivos, o Tai Chi Chuan  ajuda seus adeptos a permanecerem calmos e bem compostos. Como esse treinamento enfatiza a gentileza, a elegância e a harmonia do fluxo energético, ele se presta ao aperfeiçoamento do caráter, mais do que a maioria das outras artes marciais.

Mas o Tai chi Chuan não é apenas uma arte marcial; ele está profundamente enraizado na filosofia chinesa e na sabedoria taoísta. O termo “Tai Chi Chuan”, que literalmente significa o “Princípio Infinito” e figurativamente “o cosmo”, tem sua origem no Yi Jing (I Ching), o Livro da Mutações. No início do clássico Tratado de Tai Chi Chuan, o grande mestre Wang Zong Yue diz que o “Tai Chi nasce do Vazio. Origina o movimento e o repouso, e é a mãe do yin e do yang. Quando movido, separa; quando em repouso, unifica”.

A filosofia do yin-yang

Poderíamos dizer que o Tai Chi Chuan é totalmente fundamentado no yin e yang. O conceito de yin e yang está relacionado sempre a dois aspectos que, embora sejam opostos, são também complementares em relação a tudo o que existe no universo, seja um simples objeto, um processo ou uma ideia. Por exemplo, se caminharmos olhando para o céu, que está acima de nós, “céu” e “acima” tornam-se significativos apenas quando relacionamos esses dois termos aos seus simétricos “terra” e “abaixo”.  Em outras palavras “céu” e “acima” e “terra” e  “abaixo” são dois pares cujos elementos se opõem, ainda que se complementem, e cada um deles dá sentido ao outro. De acordo com esse exemplo, “acima” e “céu” referem-se, por convenção, ao yang, enquanto “abaixo” e “terra” referem-se ao yin.  Yin e yang são dois aspectos de uma unidade ou holismo. Essa unidade geralmente é representada por um diagrama conhecido como o símbolo do Tai Chi. Tai Chi é geralmente traduzido por cosmo. Ao observarmos o símbolo, percebemos que ele é perfeitamente simétrico de todos os pontos de vista. Ele simboliza magistralmente aqueles aspectos complementares, embora opostos, do yin-yang. Percebemos também que o yin começa precisamente onde o yang atine o seu máximo e vice-versa. O símbolo do Tai Chi é o motivo mais recorrente nas ilustrações taoístas, simbolizando, entre outras coisas, o físico e o espiritual da filosofia taoísta.



O nome “Tai Chi Chuan” deriva desse conceito de yin-yang. Quando Zhang San Feng modificou o kung-fu shaolin para o Wudang dos Punhos Longos, que mais tarde viria a ser o Tai Chi Chuan, ele aperfeiçoou os movimentos de modo a deixa-los mais suaves e circulares na arte de lutar, e aperfeiçoou também a harmonia dos movimentos, relativamente mais duros do kung-fu shaolin. Os movimentos do Tai Chi Chuan são graciosos, delicados e bem diferentes dos movimentos do kung-fu shaolin, por sua vez rápidos e potentes. Os alunos de Tai Chi Chuan normalmente fazem os movimentos de forma lenta, pois fica mais fácil desenvolver o fluxo interno de energia com movimentos lentos. Chen Wang Ting procurou enfatizar métodos interiores e suaves, como movimentos circulares e o fluxo de energia. No método suave e interno utilizado para desenvolver a Palma do Tai Chi, os praticantes fazem movimentos graciosos para produzir um fluxo de energia através da palma das mãos. Nesse método, é preciso praticar de maneira adequada o controle da respiração e a visualização. Esse método de desenvolver a Palma do Tai Chi ilustra o conceito do yin-yang. Os melhores resultados são obtidos quando o yin e o yang estão em harmonia. O aspecto yang se manifesta nos movimentos de mãos externos e circulares, e o aspecto yin, no controle da respiração e na visualização. Um praticante pode ainda desenvolver muita força fazendo uso apenas da respiração e da mente. O aspecto yang da luta deve se harmonizar com o aspecto yin da saúde, a fim de se praticar o Tai Chi Chuan de forma equilibrada. Vale ressaltar que praticando o Tai Chi Chuan, poder-se-á prevenir doenças, aumentar a vitalidade e promover a longevidade.

Um princípio importante do Tai Chi Chuan é: “Se o meu oponente não se mover, eu não me moverei; se o meu oponente se mover, eu me moverei mais rápido que ele”.

Meu oponente está pronto para atacar. Apesar de movimentar minhas mãos e meus pés sem propósito, como fazem certos iniciantes, eu insisto nisso, com a finalidade de avaliar a outra pessoa e de fazer que tanto a minha mente quanto a minha energia permaneçam concentradas. Assim que o meu oponente se mover para me atacar, seja para me dar um direto ou um chute lateral, eu me moverei com mais rapidez para frustrar o seu ataque, antes mesmo de ele ser realizado por completo, e contra-atacá-lo, por exemplo, desviando seu soco ou chute e golpeando-o simultaneamente com a palma da outra mão. Esse é o padrão Tai Chi conhecido como O Dragão Verde Cospe a Pérola, que também é conhecido como Girar o Joelho e avançar o Passo.

O conceito de yin-yang constitui a base filosófica do Tai Chi Chuan. A série fundamental do Tai Chi Chuan, da qual muitas outras derivam, é algumas vezes chamada de As Treze Técnicas do Tai Chi. Essa Treze Técnicas compreendem os oito movimentos básicos de mãos do Tai Chi, a saber: o bloqueio com as mãos, repelir, pressionar, empurrar, agarrar, dar uma cotovelada para a esquerda, para a direita e permanecer no centro.

Os oito movimentos de mãos e os cinco movimentos de pernas são inspirados no conceito dos Oito Trigramas, ou ba-guá (pakua) e no dos Cinco Processos Elementares, ou wuxing (wu hsing) da filosofia taoísta. O ba-guá e o wuxing são conceitos bastante próximos um do outro, e o princípio do yin-yang constitui o fundamento da sua prática.

O ba-guá simboliza as oito formas arquetípicas do universo, que são representadas pelo céu, pela terra, pelo trovão, pelo vento, pela água, pelo fogo, pela montanha e pelo pântano.



Devemos nos lembrar de que se trata de símbolos, e não de objetos independentes; o céu, por exemplo, pode representar autoridade e poder. O conceito de ba-guá é a base para o funcionamento do Yi Jing (I Ching), o Livro das Mutações, não só nas tendas de adivinhos, mas também em vários campos, como na estratégia militar, na política e na economia.

O wuxing representa os Cinco Processos Elementares do universo, que são representados pelo mental, pela água, pela madeira, pelo fogo e pela terra. É importante perceber que são processos, e não elementos – como são frequentemente descritos por eruditos ocidentais. A água e o fogo como processos arquetípicos no wuxing distinguem-se da água e do fogo como formas arquetípicas no ba-guá. Não podermos nos esquecer de que esses termos são simbólicos; a água como um processo, por exemplo, pode representar métodos de treinamento que aprimoram a saúde.

O yin-yang na filosofia do Tai Chi

O conceito de yin-yang pode nos ajudar a entender a teoria do Tai Chi Chuan de forma mais concreta ou prática. Esse conceito é evidente em preceitos básicos do Tai Chi Chuan, como o de “quietude e movimento”, “mente e corpo”, “habilidade e aplicação”.

Entender a harmonia do yin-yang possibilita-nos perceber que tanto a quietude quanto o movimento são coisas importantes. E ambos os conceitos são utilizados no combate. Por exemplo, o praticante de Tai Chi que sabe se movimentar, mas não é capaz de permanecer quieto e observar o oponente, ou aquele praticante que apenas se mantém plantado no lugar sem saber como se movimentar com rapidez quando surge a oportunidade, não é um lutador eficiente. Ele não sabe aplicar a harmonia do yin-yang.

Um bom praticante de Tai Chi usa a mente e o corpo, não apenas no combate, mas também no trabalho diário e no lazer. Se a maneira como ele pratica o Tai Chi lhe garante uma boa forma física e um corpo saudável, mas faz com que ele continue com a mente embotada, isso significa que o seu treinamento está incompleto. Ele pode ser, mesmo assim, um praticante de Tai Chi Chuan muito habilidoso, mas se continua indisposto no trabalho e no lazer é porque falhou no preceito básico de “habilidade e aplicação” do yin-yang.

O Tai Chi Chuan é uma arte maravilhosa que nos proporciona vitalidade, habilidade para a defesa, estabilidade emocional, vigor mental e uma vida longa e saudável. Em seu nível mais elevado, se estivermos preparados, ele nos ajudará a transcender o físico e a completar a busca taoísta da imortalidade. O entendimento do conceito de yin-yang nos dá um vislumbre dessas maravilhas.

A origem do Tai Chi Chuan com Zhang San Feng

Um dia, Zhang San Feng testemunhou uma briga entre uma serpente e um grou (alguns documentos dizem que se tratava de um pardal), e isso o inspirou a modificar o seu kung-fu shaolin, relativamente rude, para um estilo mais suave que passou a ser conhecido como Os 32 Estilos do Wudang do Punho Longo. Este, mais, desenvolveu-se no Tai Chi Chuan. Zhang San Feng foi o primeiro mestre a descartar os métodos de treinamento exterior – como golpear sacos de areia, pressionar as mãos em grãos, trinar com pesos – e estimular os métodos interiores – como o controle da respiração, o fluxo do chi e a visualização. Por esse motivo, ele ficou conhecido como o primeiro patriarca do kung-fu Hsing Yi. A maioria das escolas de Tai Chi reconhece hoje Zhang San Feng como o fundador do Tai Chi Chuan, com exceção do estilo Chen de Tai Chi Chuan.

A “Canção do Sentar Silencioso”, que mostramos abaixo, foi extraída de O Segredo de Treinar a Quintessência Interior na Arte do Tai Chi, que, segundo se dizia, fora escrito por Zhang San Feng. Essa canção mostra que o objetivo original do Tai Chi Chuan era o enriquecimento espiritual.



Sentado em silêncio, exercita a meditação;
O impulso está no yuanguan.
Contínua e suavemente regula a respiração;
Um yin e um yang fermentam no caldeirão interior.
A natureza precisa ser iluminada; a vida, preservada.
Não te apresses, deixa o fogo queimar lentamente.
Fecha os olhos e contempla o teu âmago,
Deixa que a tranquilidade e a espontaneidade sejam a fonte.
Em cem dias, verás um resultado:
Uma gota de quintessência brota do kan,
A parteira é quem promove a união,
O bebê e a mulher são perfeitos.
A beleza é ilimitada e inexplicável,
Por todo o corpo, a energia vital emerge.
Quem pode viver uma experiência tão maravilhosa?
É como uma pessoa muda que tem um lindo sonho.
Capta prontamente a essência primordial;
A quintessência avança sobre os três obstáculos,
Subindo do dantian para o topo do niyuan,
Para então submergir no zhongyuan.
Água e fogo combinam-se para formar o verdadeiro mercúrio,
Sem o wu e o ji não há quintessência.
Deixa que a mente esteja tranquila e a vida seja vigorosa,
O espírito irradia através de três mil mundos.
Um galo dourado canta no bosque sombrio,
A flor de lótus floresce no meio da noite.
O inverno chega, o sol torna a brilhar,
Um rugido atroador irrompe no céu e na terra.
Dragões gritam, tigres brincam;
A música celeste inunda o céu de harmonia plena,
Na nebulosa mistura tudo é vazio,
Os fenômenos infinitos estão todos aqui.
Maravilhoso em seu mistério: misterioso em seu prodígio.
A circulação da corrente irrompe através dos três obstáculos;
Todos os fenômenos nascem da união do céu e da terra.
Sorve o orvalho da natureza, doce como mel,
Os santos são budas, os budas são santos.
Quando a realidade última se revela, o dualismo desaparece,
Então, eu compreendo: todas as religiões são iguais!
Come, se faminto; dorme, se cansado,
Fazer oferendas e pratica meditação.
O grande Tao está bem diante dos teus olhos,
Se tiveres iludido, perderás a oportunidade.
Uma vez perdida a forma humana, podes ter de esperar
um milhão de eras.
O sonho ignorante da subida aos céus,
O cego adentra a floresta profunda para praticar.
O segredo supremo é maravilhoso além do profano,
Descartar o segredo supremo é um grave pecado.
Os quatro verdadeiros princípios, tu os tens de cultivar,
Romper o portal do mistério para alcançar o maravilhoso.
Cultiva o dia e a noite incansavelmente,
Consiga logo um mestre que devolva tua quintessência.
Alguns sabem que o verdadeiro mercúrio
É a quintessência da longevidade e da imortalidade;
Consagra-te ao dia; persevera cada ida mais;
Não faças do cultivo espiritual uma tarefa imediata:
O cultivo tarda, para o êxito, três  anos, nove anos,
Até que uma pérola de quintessência amadureça.
Se queres saber quem compôs esta canção,
Foi o sacerdote taoísta da Pureza e do Vazio, o santo San Feng¹.

¹(Zhang, San Feng. The Secret of Training the Internal Elixir in the Tai Chi Art, preservado por Taiyi Shanren, reimpressso a partir de um antigo texto de Anhua Publications, Hong Kong, sem data, pp. 6809. Em chinês.)


Este texto foi baseado na obra O livro completo do Tai Chi Chuan de Wong Kiew Kit (tradução de Afonso Teixeira Filho) da Editora Pensamento.

O estilo Yang de Tai Chi Chuan

Há uma história muito interessante que narra o aparecimento do estilo Yang de Tai Chi Chuan. Yang Lu Chan (1799-1872) vendeu todas as suas terras e foi trabalhar como empregado da família de Chen Chang Xin com o objetivo de “roubar” o estilo Chen de Tai Chi Chuan ao aprender os seus segredos. Ele teve tanto sucesso que ninguém percebeu, mas, além disso, ele alcançou um nível muito alto.

Um dia, um experiente lutador de kung-fu desafiou o mestre Chen Chang Xin. Seu filho, seu melhor discípulo, aceitou o desafio, mas foi duramente derrotado. O desafiante pediu para encontrar-se com o mestre. Os alunos de Chen avisaram a ele que o mestre estava fora. Mas o desafiante, determinado a encarar o mestre, alojou-se em uma hospedaria das redondezas e voltava a cada três dias para procurá-lo. Isso continuou por alguns meses. A família Chen ficou desesperada; parecia não haver jeito de livrar-se dessa situação embaraçosa.

Um dia, o desafiante chegou e disse, como de hábito:
- Gostaria de ver Sifu Chen Chang Xin e pedir-lhe que me ensine algumas técnicas de luta!
Era uma maneira delicada de dizer: “Estou aqui para uma luta amistosa.”
- Desculpe-me, Sifu, nosso mestre ainda não voltou da viagem! – disse um dos alunos.
- Nesse caso, volto daqui a três dias.
Mas antes que o desafiante fosse embora como de costume, um criado aproximou-se, surpreendendo a todos, e disse:
- Senhor, eu também tenho treinado um pouco o estilo Chen de Tai Chi Chuan. Não sou muito bom, e ficaria honrado se o senhor me fizesse a gentileza de me ensinar!
Era uma forma educada de dizer: “Aceito seu desafio amistoso”.
O empregado, já sabemos, era Yang Lu Chan.
Eles ficaram ainda mais surpresos quando Yang Lu Chan, empregando o legítimo estilo Chen de Tai Chi Chuan, derrotou o desafiante. Mas derrotar um desafiante era uma coisa, suportar a disciplina da família Chen, outra.
“Roubar” um segredo marcial era um delito grave, castigado com a morte. Então, Yang Lu Chan caiu de joelhos aos pés do mestre, diante de todos os seus alunos, que haviam entrado no pátio da casa da família para vê-lo ser castigado. Depois de reverenciar três vezes e oferecer chá ao mestre, Yang Lu Chan disse solenemente:
- Senhor, sei que cometi um grave delito ao me apoderar dos segredos de sua arte marcial. Sei das consequências, e estou pronto a aceitar o castigo.
O clima ficou tenso. O mestre aplicaria a pena capital? Todos estavam  agradecidos a Yang Lu Chan por ter derrotado o desafiante, mas o mestre tinha de dar o exemplo para manter a disciplina. O que ele poderia fazer?
Cheng Chang Xin bebeu o chá compenetradamente. Então, disse:
- Que delito? Que castigo? O delito só existe quando alguém que não pertence à família rouba a sua arte. Mas você não é um estranho. Ao aceitar e beber o chá que me ofereceu, aceitei-o como discípulo. Estamos todos orgulhosos de você, como novo membro do estilo Chen de Tai Chi Chuan. Antes de se estabelecer em Pequim para ensinar Tai Chi Chuan, viajou pelo país desafiando outros mestres de kung-fu para lutas amistosas, e sempre os derrotava. Ficou conhecido como “Yang, o Eteno Vencedor”. Ele foi o primeiro a romper com a tradição  de que o estilo Chen de Tai Chi Chuan devia ficar restrito aos membros daquela família, uma geração antes de Chen Jing Ping fazer o mesmo com o Zhao Bao.

Os três estágios do Tai Chi Chuan

O estilo mais comumente praticado de Tai Chi Chuan hoje em dia é o estilo Yang. O neto de Yang Lu Chan, Yang Deng Fu (1883-1936), ampliou e estabilizou os movimentos dos padrões da Velha Forma que havia aprendido de seu pai com a finalidade de promover os aspectos de saúde do Tai Chi Chuan. Por conseguinte, o estilo Yang de Tai Chi Chuan, que ele desenvolveu, é às vezes chamado de Grande Forma. Ele aboliu o saldo, o pisão, o soco direto e outros atos agressivos e de força, mais apropriados para o combate. Também executava os padrões mais lentamente, com delicadeza e graça, quase transformando o Tai Chi Chuan numa bela dança, mesmo sendo ele um lutador formidável.

Ainda que esse desenvolvimento do Tai Chi Chuan ocorrido ao longo de três gerações, da arte marcial de Yang Lu Chan aos exercícios terapêuticos de Yang Deng Fu, tenha muitos pontos positivos – por exemplo, é mais fácil para pessoas de idade ou menos capacitadas, que acham o estilo original muito duro - , isso não acontece sem algumas desvantagens. Houve a perda dos aspectos marciais. O termo Tai Chi Chuan é uma forma abreviada de Tai Chi quanfa (que se pronuncia “T’aidji tch’uanfa”). Tai Chi significa “o cosmo”, e quanfa significa “a arte dos punhos” ou “arte marcial”. De fato, algumas pessoas que praticam essa arte apenas por causa de seus aspectos relacionados à melhora da saúde, talvez embaraçadas pela perda de sua essência, referem-se a ela apenas como Tai Chi, e não como Tai Chi Chuan.

Entretanto, se praticam o Tai Chi sem o seu aspecto marcial, não conseguem sequer obter os benefícios de saúde por completo, como estar em forma, ser ágil, calmo e ter uma mente arejada, cheia de vitalidade e energia, pois esses benefícios advêm de exercícios que visam transformar os praticantes dessa arte em artistas marciais de primeira linha. Em outras palavras: se você pratica Tai Chi Chuan simplesmente como um delicado exercício  para a saúde, adquire apenas uma sensação de bem-estar, mas não alcançará a velocidade da gazela, a calma do grou, a paciência do boi, a coragem do tigre e a longevidade da tartaruga, ou seja, tudo aquilo que um artista marcial espera alcançar. Por outro lado, se você pratica o Tai Chi Chuan da maneira como ele é ensinado pelos mestres, poderá adquirir todas essas qualidades.

Se examinarmos o desenvolvimento histórico do Tai Chi Chuan desde o tempo de Zahng San Feng até os dias de hoje, poderemos observar que , à medida que ele evolui no tempo, regride em qualidade.

Existem três estágios característicos no seu “desenvolvimento”, que são mais bem representados no Tai Chi Chuan Wudang, no estilo Chen de Tai Chi Chuan e no estilo Yang de Tai Chi Chuan. O propósito do Tai Chi Chuan Wudang é grandioso e sublime; não se resume no mergulho no cosmo. No tempo do estilo Chen de Tai Chi Chuan, o propósito inicial deixou de ser o cultivo espiritual e passou a ser a maestria no combate. Mas, no tempo do estilo Yang de Tai Chi Chuan, a dimensão marcial quase desapareceu; a maioria dos estudantes de Tai Chi Chuan, hoje em dia, pratica essa arte marcial devido ao seu aspecto saudável, sendo que muitos nem se dão conta de que é uma arte marcial e muito menos de que é também um caminho para o desenvolvimento espiritual.


“A fórmula dos cinco caracteres”

O Tai Chi Chuan é uma arte interior. A “fórmula dos cinco caracteres”, proposta pelo mestre Li Yi Yu, mostra como esse aspecto interior pode ser alcançado.

A versão original chinesa é poética e significativa.

“A fórmula dos cinco caracteres” refere-se a: mente tranquila, corpo ágil, energia plena, força total e espírito concentrado.

O primeiro é chamado de mente tranquila. Se a mente está tranquila, significa que não está concentrada. Os movimentos devem ser comandados pela mente. Temos de estar atentos o tempo todo; a mente estará voltada para onde que que os movimentos mudem. É preciso usar a força de vontade, e não a força física.

O segundo é chamado corpo ágil. Se os movimentos corporais são lerdos e apáticos, não é possível mover-se eficientemente. Os movimentos não podem ser hesitantes. O chi flui como uma roda; todo o corpo deve estar bem coordenado. Se alguma parte não estiver ligada às demais, estará desconcentrada e não terá força.

O terceiro é chamado de energia plena. SE o chi estiver difuso e lerdo, o movimento será desordenado. O objetivo é cultivar a energia para que ela flua pela espinha e resulte em uma respiração harmoniosa, de modo que todas as partes do corpo estejam ligadas. Inspiração representa armazenamento e acúmulo; expiração é expansão e asserção. A inspiração simboliza a capacidade de tomar e sustentar (figurativamente, significa arcar com as responsabilidades); a expiração simboliza a capacidade de abandonar e de soltar (ou seja, figurativamente, tolera e perdoar). Para conduzir a energia usa-se a vontade, não a força física.

O quarto é a força total. Toda a força do corpo forma uma unidade, e é preciso diferenciar entre “aparente” e “sólido”. Ao fazer força, deve haver uma fonte. A força começa no calcanhar, é controlada pela cintura, materializa-se na mão e é executada pela cintura, com toda a consciência.

O quinto é o espírito concentrado. Toda a preparação para os quatro primeiros pontos pode ser resumida em ter o espírito concentrado. Quando o espírito, ou shen, está concentrado, a energia, ou chi, pode ser controlada e cultivada; o cultivo da energia, em troca, alimenta o espírito. Portanto, ao concentrar o espírito, ganha-se energia em abundância, agudeza mental, coordenação nos movimentos e capacidade de diferenciar entre “aparente” e “sólido”.  Estar “aparente” não significa que não exista força, quer dizer que a aplicação da energia é flexível; estar “sólido” não significa imobilidade, e sim que a mente está concentrada naquela posição. É importante que os movimentos do peito e da cintura não tenham origem exterior. A força é obtida do oponente, e a energia é executada a partir da espinha. Executar a energia a partir da espinha significa que a energia está submersa, os ombros estão recolhidos na direção da espinha, com o foco na cintura. Quando a energia flui dessa maneira, de cima para baixo, é chamada de “fechada”. Quando ela flui da cintura para a espinha, espalhando-se até os ombros e chegando até as mãos e os dedos, é chamada “aberta”. “Fechado” significa receber, “aberto” significa liberar, soltar. Quem compreende esses conceitos de “aberto” e “fechado” entende o conceito de yin-yang. Ao chegarmos a esse estágio, estaremos tão capacitados que finalmente alcançaremos o ponto em que conseguiremos fazer tudo o que a mente deseja. Então não há nada que não possamos fazer.

Em resumo, as principais lições do Tai Chi Chuan se baseiam em cinco pontos: 

1. Mente: estar atento aos movimentos do oponente.
2. Corpo ou postura: fluir de acordo com a postura do adversário.
3. Energia vital ou chi: difundida por todo o corpo.
4. Força interior: controlada na cintura.
5. Espírito ou shen: preparação geral para os quatro acima.

Os dez pontos mais importantes do Tai Chi Chuan

Os três elementos fundamentais do Tai Chi Chuan são: postura (xing), a energia (chi) e o espírito (shen).

Yang Deng Fu foi o mestre responsável por transformar o vigoroso estilo Chen no calmo e gracioso estilo Yang, que é o mais praticado hoje em dia.

Os Dez pontos mais importante do Tai Chi Chuan de Yang Deng Fu dão muita importância ao treinamento da postura, base para se alcançar a energia e o espírito.


1. Shen que se eleva ao topo. Para que o shen, ou espírito, vá até o alto da cabeça, ela deve estar ereta.

2. Abaixar o peito e elevar as costas. Abaixar o peito significa recolhê-lo para que o chi possa descer ao dan tian (ou campo abdominal de energia, cerca de seis centímetros abaixo do umbigo). Elevar as costas significa concentrar ali o chi. Abaixando o peito, levantamos normalmente as costas. Se for possível elevar as costas, pode-se invocar sua força interior, o que possibilitaria a vitória no combate. 

3. Soltar a cintura. A cintura é a parte que controla o dorso. Soltar a cintura equivale a fortalecer os pés para estabilizar a postura. Todas  as variações e ações combinadas entre “aparente” e “sólido” são feitas a partir da cintura. É por isso que se diz: “A força vital tem sua origem na cintura”. É por isso que se diz: “A força vital tem sua origem na cintura”.  Quem não consegue adquirir poder no combate deveria remediar a situação na cintura. 

4. Diferenciar entre “aparente” e “sólido”. Esse é o primeiro fundamento do Tai Chi Chuan. Se todo o peso do corpo estiver sobre a perna direita, ela é “sólida”, e a esquerda é “aparente”; se todo o peso do corpo estiver sobre a perna esquerda, esta é que é “sólida” e a direita é “aparente”. Quando se pode diferenciar entre “aparente” e “sólido”, os movimentos se tornam ágeis, como se fossem executados sem esforço. Se não forem diferenciados, os movimentos das pernas ficam pesados, as posturas ficam instáveis, e o adversário facilmente tirará proveito disso. 

5. Abaixar os ombros e deixar cair os cotovelos. Abaixar os ombros significa que eles estão relaxados e pendem naturalmente. Se os ombros estiverem elevados, e não abaixados, o chi se elevará e todo corpo ficará sem força. Se os cotovelos estiverem altos, os ombros não se abaixarão. Dessa forma, o fluxo do chi não terá grande alcance. Essa fraqueza assemelha-se àquilo que no kung-fu se chama “força interrompida”.

6. Usar a vontade, não a força. A filosofia do Tai Chi Chuan diz: “Tudo reside em usar a vontade, não a força.” Quando praticamos Tai Chi Chuan, todo o corpo deve estar relaxado; não pode haver a menor tensão entre os músculos, nos ossos e no fluxo sanguíneo, o que resultaria em autoconstrição. Depois de chegar ao relaxamento completo, a pessoa ficará flexível e versátil nos movimentos circulares, conforme a sua vontade. Alguém poderia perguntar: “Como desenvolver a força sem usar a força?” Isso acontece porque o corpo tem meridianos, da mesma forma que a terra tem canais. Se os canais não estão bloqueados, a água flui tranquilamente. Da mesma maneira, se os meridianos não estiverem bloqueados, o chi fluirá harmoniosamente. SE todo o corpo estiver tenso com a força, o chi e o fluxo do sangue ficarão bloqueados e os movimentos ficarão desajeitados. Mesmo se puxarmos um só fio de cabelo, todo o corpo se moverá (isso significa que todo o corpo está interligado pelos meridianos, com cada uma das partes afetando as demais) Se não usarmos a força mas a vontade, sempre que comandarmos a vontade o chi atenderá. Portanto, temos de deixar o chi e o sangue fluírem serenamente pelo corpo todo, sem interrupção. A prática constante desenvolverá a verdadeira força interior. Por isso é que se afirma, na filosofia do Tai Chi Chuan: “Se extremamente flexível e gentil, depois se extremamente rígido e forte.” O braço de um praticante de Tai Chi Chuan é como o ferro no algodão, extremamente poderoso e estável. As pessoas que treinam artes marciais externa são poderosas quando usam a força, mas leves e flutuantes quando não usam a força. Isso mostra que a sua força é exterior e superficial. Usar a força sem a vontade facilmente resultará em instabilidade, o que demonstra uma arte incompleta.

7. Coordenação entre a parte de cima e a parte de baixo. O significado da coordenação entre a parte de cima e a de baixo revela-se na filosofia do Tai Chi Chuan: “Às raízes estão nos pés, a execução nas pernas, o controle na cintura, a materialização nas mãos e nos dedos.”  Dos pés às pernas e à cintura, a ação completa-se “em um único chi” (que é o termo do kung-fu que significa “continua espontaneamente, sem interrupção, no tempo de uma respiração confortável). Movimentos das mãos, da cintura e das pernas, bem como “olho vivo” deverão estar todos num movimento unificado; só assim pode-se dizer que há coordenação entre a parte de cima e a de baixo; se faltar algum movimento, se houver alguma interrupção, o movimento unificado ficará desordenado.

8. Unidade interior e exterior. O treinamento do Tai Chi Chuan está na mente; portanto, “a mente é o comandante, e o corpo é o agente”. Quando a mente está trinada, os movimentos e as ações ficam naturalmente leves e ágeis. Os padrões do Tai Chi Chuan nada mais são do que movimentos alternados de “aparente” e “real”, abertura e fechamento. “Abrir” não quer dizer simplesmente que as mãos e as pernas estão estendidas, mas também que a mente e a vontade estão estendidas; “fechado” não significa apenas que as mãos e pernas estão recolhidas, mas que a mente e a vontade também estão recolhidas (ou seja, concentradas). Se o interior e o exterior estão unificados em um único chi (ou corpo de energia), isso significa que não há separação no cosmo. 

9.Continuidade sem interrupção. Nas artes marciais exteriores, a força é o resultado da tensão pós-natal (ou seja, artificial em oposição à natural); assim, há começo e fim, continuidade e interrupção. No Tai Chi Chuan usa-se a vontade, não a força; ele é contínuo do começo ao fim, sem interrupção; depois de cada ciclo, ele começa novamente, num círculo sem fim. O Tratado original menciona que o Tai Chi Chuan é como as ondas contínuas do rio Longo (Yang-tzé Kiang, o maior rio da China). Ele também diz que a aplicação da força no Tai Chi Chuan é como a tecelagem da seda (longa e contínua), o que expressa o armazenamento e a continuidade em um único chi, o que significa que a força interior é canalizada continuamente regulada pela respiração adequada. 

10. Procurar a quietude no movimento. As artes marciais exteriores enfatizam a capacidade de correr e pular rapidamente; gasta-se muita energia nessas atividades, o que leva os praticantes à estafa depois do treinamento. No Tai Chi Chuan é a quietude que governa os movimentos. Quando um praticante se move, é como se ele estivesse parado. É por isso que no Tai Chi Chuan, quanto mais lento for o movimento, melhor. Quando eles são vagarosos, a respiração fica profunda e longa, o chi está submerso no dan tian (campo energético abdonimnal), e naturalmente não existe o problema de o sangue e o chi estarem  “inchados” , ou seja, bloqueados.

Conclui-se que o objetivo do Tai Chi Chuan, enquanto luta marcial,  é a eficiência no combate, embora sua prática colabore na aquisição de saúde, vitalidade e longevidade. A clareza mental, a força interior e a estabilidade contribuem para que o praticante lute bem, mas são qualidades que também beneficiam a vida diária e estimulam a saúde, a vitalidade e a longevidade.

O Tai Chi Chuan enriquecendo a vida diária (na saúde, lazer e trabalho)

A prática do Tai Chi Chuan nos oferece inúmeros benefícios.

Saúde é mais do que apenas a ausência de doenças clínicas.

Não existe nenhum livro de medicina que defina o estado de saúde. Não existe um processo para monitorar quando e o quanto estamos saudáveis. Sabemos apenas quando não estamos  saudáveis, porque então algo está errado. A definição corrente de saúde na medicina ocidental é não esta doente.

Na China, todo esse conceito se inverte. As pessoas simplesmente  o viram do outro lado. Quando alguém está doente, pergunta-se apenas: “Por que essa pessoa não está bem?”

Abro um parêntese para observar que esta diferença na abordagem da saúde entre chineses e ocidentais foi bem descrita por James MacRitchie em seu interessante e informativo livro Chi Kung: Cultivating Personal Energy.

Deveríamos examinar mais de perto a definição chinesa de saúde: a saúde é compreendida em termos de SISTEMA DE ENERGIA, pois o sistema energético está num estágio um tanto diferente e mais elevado do que apenas carne, sangue e ossos. Esse sistema atua como um “sistema de controle” ou “mapa” do corpo.  Ele constitui a estrutura básica A sequência hierárquica de controle e influência é a seguinte:

ENERGIA/CHI   ͢   SANGUE   ͢   CÉLULAS   ͢    TECIDOS   ͢    ÓRGÃOS   ͢   FUNÇÕES   ͢   RELAÇÕES   ͢   O TODO

Assim, se o nível básico da sua energia/sistema de controle/mapa não estiver em ordem, você provavelmente está para ficar doente.

Fatores como dormir bem, ser emocionalmente estável e ter entusiasmo para trabalhar e divertir-se contribuem para uma vida saudável. E, se muitas vezes, o tratamento mecânico e reducionista das doenças, propagado pela medicina ocidental convencional, não é capaz de estabelecer a causa de moléstias ditas incuráveis (hipertensão, asma, reumatismo, úlcera, diabetes e câncer), temos que apelar para meios alternativos, como a prática do Tai Chi Chuan.

A energia e a medicina chinesa

A base da medicina e de todos os cuidados com a saúde chineses é o chi, ou energia. Todas as práticas médicas chinesas, incluindo fitoterapia, acupuntura, massagem terapêutica, medicina externa, traumatologia e a terapia do chi kung, voltam-se para a correção da desarmonia energética. Se o fluxo de energia estiver desarmonioso, afetará o funcionamento normal e saudável de cada um dos sucessivos níveis hierárquicos mencionados por MacRitchie, e se manifestará como uma disfunção do corpo (e da mente). Por esse motivo, o tratamento deve ser holístico e dirigido ä causa de origem. Se tratarmos uma doença do fígado objetivando apenas o órgão, por exemplo, seus tecidos ou células desordenados poderão provocar uma recaída da mesma doença ou então uma disfunção em outra parte do corpo. Na medicina chinesa não tratamos do fígado ou de seus tecidos e células; tratamos da pessoa inteira levando em consideração o seu chi.

Se um paciente com câncer consultar um médico chinês, este não o descreverá como canceroso, pois na medicina chinesa tradicional essa doença não existe! Existe uma palavra no chinês moderno para o câncer – ai – mas não é um termo da medicina chinesa tradicional; é um termo traduzido do inglês.

Então como um médico chinês descreveria a doença de um paciente com câncer? Ele descreveria a doença – qualquer doença – não do ponto de vista dos sintomas e da localização, mas da perspectiva da pessoa toda em relação à causa de origem no nível básico de energia. Ao determinar as causas, o médico não estará preocupado com o que causou a moléstia, como por exemplo  qual o tipo de agente carcinogênico ou a quantidade de radiação, mas sim com o que levou o paciente a ficar doente, ou seja, por que ele não conseguiu ajustar-se aos carcinogênicos ou à radiação, quando outras pessoas o fazem com sucesso. Portanto o  médico descreverá a disfunção como estagnação da energia do fígado devido a um bloqueio do meridiano do pulmão e ao chi insuficiente no baço, ou ao acúmulo de veneno quente no nível intermediário do peito devido a um bloqueio energético no meridiano do períneo. Vários pacientes que sofrem daquilo que os médicos convencionais chamam de mesmo tipo  de câncer, são descritos diferentemente pelos médicos chineses, pois as razões pelas quais os pacientes não conseguiram superar o câncer naturalmente, em geral são diferentes.

Embora essas descrições não façam sentido para quem só vê a doença sob a luz do paradigma médico ocidental convencional, para o médico chinês elas são significativas e concisas, muitas vezes apontando as causas, a localização e o estágio de desenvolvimento da doença. E, o que é mais importante, essas descrições jamais são uma sentença de morte; na verdade, se as causas da doença, como o bloqueio de energia ou o calor venenoso descritos acima, forem eliminadas, o paciente se restabelecerá sem nem sequer sabe que teve câncer.

Talvez alguém, acostumado a ouvir que o câncer em geral é fatal e incurável, se surpreenda ao saber que a doença pode ser atenuada. Ainda mais espantoso é que, de acordo com os especialistas ocidentais, todos nós sofremos de câncer alguns milhares de vezes na nossa vida, mas somos curados por nós mesmos sem nos darmos conta disso.

Então, por que algumas pessoas desenvolvem câncer, ou qualquer outra doença? Segundo o pensamento médico chinês, é porque algumas partes do corpo (incluindo a mente, uma vez que mente e corpo são sempre tratados como uma unidade pela medicina chinesa) deixam de funcionar como deveriam e essa falha se deve a uma desarmonia do fluxo de energia. O Nei Jing, ou Internal Classic of Medicine, considerado o texto mais autorizado sobre medicina chinesa, afirma que, se a energia vital flui harmoniosamente pelos meridianos, a doença simplesmente não ocorre. Se esse conceito parece difícil de aceitar do ponto de vista ocidental sobre a saúde, vale a pena analisar o fato de que essa visão, mais do que qualquer outra é responsável pela manutenção da maior população do mundo pelo período mais longo da história.

Traduzindo em termos médicos convencionais, o fluxo harmonioso do chi significa que os sistemas de retroalimentação, de defesa, imunológico, regenerativo, hormonal, transportador e todos os outros sistemas corporais estão funcionando naturalmente. Se micróbios prejudiciais penetrarem no corpo, o sistema de defesa proverá os anticorpos necessários para mata-los ou inibi-los e o sistema de transporte os eliminará do organismo. Se houver desgaste, ou se ocorrer deposição de resíduos tóxicos no corpo, como por exemplo, ácidos que corroem o estômago ou formação de colesterol nos vasos sanguíneos, o sistema regenerativo reparará o desgaste ou o sistema hormonal produzirá os hormônios ou substâncias químicas necessários para neutralizar os resíduos tóxicos. Se houver tensão emocional ou mental, o corpo comandará os devidos sistemas para dissipar as emoções negativas e descansar a mente.

Os efeitos do Tai Chi Chuan na saúde

O verdadeiro treinamento do Tai Chi Chuan proporciona uma saúde radiante, vitalidade e clareza mental.

Promover um fluxo energético harmonioso e alcançar um estado mental elevado, algo excelente para a eficiência no combate, bem como para que todos os sistemas corporais funcionem adequadamente, são os dois traços característicos do Tai Chi Chuan.

Quais são os sinais que indicam que alguém tem um fluxo energético harmonioso e atingiu um estado mental elevado? Quando se chega a um alto nível de controle da energia, em geral pode-se sentir o fluxo energético e canalizar a energia para onde se desejar.

Quando se alcança um estado mental elevado, sente-se tranquilidade, alegria e paz interior, mas se mantém a mente viva e alerta todo o tempo. As dimensões emocional e mental se ampliam e se aprofundam, e as insignificâncias com que muitas pessoas se preocupam, como mexericos e inveja, passam a ser consideradas infantis. É surpreendente a intensidade e a clareza com que encaramos e resolvemos problemas que antes pareciam insuperáveis. Também os amigos perceberão a calma e a confiança que inspiramos.

Estas qualidades são conquistadas com a prática e dedicação ao Tai Chi Chuan. 

Quando despertarmos subitamente para a grande verdade cósmica de que não possuímos um corpo físico, mas somos na realidade um fluxo infinito de energia em união com a energia do cosmo, teremos atingido o propósito mais elevado do Tai Chi Chuan.

O vídeo a seguir demonstra esta conexão com o Cosmo através do Tai Chi.



O Tai Chi Chuan e o desenvolvimento espiritual

A arte marcial Wudang, em seu nível mais elevado, leva à satisfação espiritual.

Dois mestres de Wudang (Pei Xi Rong e Li Chun Sheng) assim disseram, conforme Wudang Martial Arts, Human Science and Technology Publications:

Ao praticar a série, os movimentos deveriam ser estendidos (e não restringidos); e as formas, graciosas e ágeis, com a força fluindo continuamente, sem interrupção, como água corrente. Ao completar uma sequência, deveria seguir-se outra, de modo que os movimentos fluíssem continuamente, complementando os aspectos rígidos e flexíveis. Usar o corpo para conduzir os braços, usar a força de vontade para canalizar o fluxo energético e fazer uso deste para movimentar o corpo. A prática deveria ser lenta, elegante e harmoniosa. Ao executar qualquer padrão, deveríamos usar movimentos circulares e a força interior em espiral. Os movimentos deveriam ser feitos conforme o fluxo infinito de energia vital nos meridianos, de maneira que a energia vital e o sangue se espalhassem sore todos os órgãos e partes do corpo, par atingir o objetivo de força interior e poder exterior.

Assim, ao praticar essa série de Tai Chi Chuan Wudang, não se deveria usar a força mecânica, nem realizar cada figura ou sequência em staccato. Todo o conjunto flui como água, sem interrupção. Num estágio muito avançado, os movimentos corporais não são provocados pelos músculos, mas pelo fluxo de energia, que por sua vez é governado pela mente. Esse nível ainda mais alto, quando subitamente acordamos para a grande verdade cósmica de que não temos um corpo físico, mas somos um fluxo ilimitado de energia, em união com a energia do cosmo, teremos alcançado o objetivo mais elevado do Tai Chi Chuan. Todavia, o Tai Chi Chuan mais avançado só deveria ser praticado sob a supervisão de um mestre.



O Tratado do Tai Chi Chuan

1. O cosmo nasce do vazio. O Cosmo é a fonte de todo movimento e de toda a quietude.

2. Não há excesso que não tenha equivalente; quando existe contração existe distensão.

3. Se os movimentos forem rápidos, deve-se responder com a velocidade apropriada; se os movimentos forem graciosos, também devemos ser graciosos.

4. Com prática e dedicação desenvolvemos a arte de compreender a força.

5. Mantenha a cabeça ereta e afaste todos os pensamentos irrelevantes. Concentre a energia no campo energético do abdômen.

6. Se a esquerda estiver pesada, esvazie a esquerda; se a direita estiver pesada, evite a direita.

7. Nem uma pena pode ser acrescentada, nem uma mosca pode pousar. O oponente não me compreende, mas eu o compreendo. 

8. Há muitas outras artes que são diferentes; elas são, principalmente, o forte contra o fraco, o rápido contra o lento, usam a força contra quem é menos forte.

9.    Usar quatro tahils contra mil katies não depende apenas de força. Um homem velho enfrentando muitos jovens demonstra que a velocidade pode ser inútil.

10.          Postar-se com equilíbrio, ser ágil como uma roda. 

11. Os que praticaram durante muitos anos, mas não sabem como neutralizar a força do oponente, continuam a ser derrotados, pois não souberam vencer a fraqueza do peso duplo.

12.          Para superar essa fraqueza, temos de conhecer o princípio do pesado e do leve. Quietude é movimento, movimento é quietude. O yin nunca se separa do yang, e o yang nunca se separa do yin. A arte de compreender a força só é possível quando yin e yang estão em harmonia. Ficamos cada vez mais habilidosos no treinamento à medida que dominamos a arte de compreender a força.

13.          É preciso entender as técnicas de contato das armas para que possamos avançar de acordo com o nosso desejo.

Os princípios do Tai Chi Chuan no Tao Te King

O Tai Chi Chuan é considerado uma arte taoísta, porque sua filosofia e prática derivam do Tao Te King de Lao Tsé. Ensinamentos típicos do Tai Chi Chuan, como não lutar, não iniciar um ataque e a não-agressão, por exemplo, são mencionados com frequência no clássico taoísta.

No Tai Chi Chuan, enfrentar a força com a força é considerada a pior das táticas e estratégias das artes marciais, pois tanto o vencedor quanto o perdedor sofrem.

Outro princípio característico do Tai Chi Chuan é a sua “flexibilidade”. O flexível vence o rígido. A água é a coisa mais flexível do mundo. Os movimentos do Tai Chi Chuan fluem como se fossem água. Quando o oponente ataca, o praticante de Tai Chi Chuan deixa seus movimentos fluírem ao longo ou por cima do ataque, em vez de ir contra ele.

Essa ideia de água fluindo e se espalhando é também o princípio fundamental para a promoção da saúde na prática do Tai Chi Chuan, manifestada no fluxo harmonioso da energia.

Quanto maior for a prática de Tai Chi Chuan, maiores e mais sutis são as percepções da energia.



Alguma posições do Tai Chi Chuan:

Harpa







Asa de cegonha





Roça joelho




Nuvem



Pé levantado




Segura bola




Cauda de pássaro



Chicote






Orelha de macaco





Segue outra sugestão de leitura sobre o Tai Chi: 



Sem muita pretensão, segue um vídeo ilustrativo sobre os 24 movimentos do Tai Chi. Afinal de contas, nada é tão impossível assim!!!

TAI CHI - 24 forms - Yang Style – China and Brazil together



Fluindo como um rio, liberando o Chi, ativando a energia, enfim, rompendo o portal do mistério para alcançar o maravilhoso através do Tai Chi Chuan ...

O Tai Chi Chuan em dupla ajuda a nos concentrar e entrar em sintonia com a nossa energia e a energia do outro.

A arte do Tai Chi nos leva a pensar, a agir e sentir de um modo diferente, porque nos permite encontrar um equilíbrio emocional e energético.

Vamos fazer uma viagem?

Un tour au Chine à travers l'art du Tai Chi Chuan (太極拳 - Tàijí quán)

O Tai Chi é poesia em movimento; a beleza e a energia se misturam, fluindo como um rio e em repouso como uma montanha;  a China e o Brasil juntos, mestre e aluno em sincronia e harmonia ... porque quando a energia é ativada, deve ser expressa como os movimentos de um bicho da seda tecendo um casulo.

Muita energia, paz e amor!!!

Que tal praticarmos um pouco de Tai Chi Chuan?


2 comentários :

  1. Olá. Acho os teus textos maravilhosos e bem construídos. De alguns me ri de entendimento, com algumas das " mamluqices" espontaneas. Fica bem. Bom estar.

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    1. Fico feliz com o seu elogio! Que bom que gostou da forma como abordei esta matéria sobre Tai Chi! Um abraço e obrigada!

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