Quem é a mulher hoje?
A resposta demanda uma análise da mulher sob a perspectiva
masculina, feminina e infantil dentro de uma circunstância histórica, social e
cultural.
A mulher por muitos anos era vista como um ser inferior e
submisso. Suas qualidades eram auferidas pelos dotes que poderiam herdar de
seus pais e por sua capacidade reprodutiva. E, muitas vezes, vista como o
símbolo do pecado e da tentação, tal qual Eva no livro Gênesis da Bíblia.
O feminismo nasceu como um movimento de busca de igualdade entre
homens e mulheres. A mulher se rebelou contra aquela postura machista e
fascista da sociedade e foi conquistando
seu espaço na sociedade moderna: de sujeito paciente para sujeito ativo.
Inclusive a Constituição da República do Brasil de 1988 conferiu à mulher a
igualdade em direitos e obrigações com o homem, apesar de ainda existirem
desigualdades, frutos do preconceito e discriminação.
A luta para acabar com o preconceito e a desvalorização da
mulher é contínua. Apesar das conquistas ainda se verifica a discriminação da
mulher na seara trabalhista, ao perceber salários inferiores aos dos homens e
suportar uma jornada excessiva de trabalho. A violência masculina, espera-se ser
contida, tanto que foi criada aqui no Brasil a Lei Maria da Penha, que coíbe as
agressões contra a mulher no âmbito doméstico e familiar.
E a mulher acabou conquistando o seu lugar ao sol, para não
dizer que se tornou uma das principais estrelas do século XXI. E, no decorrer
da história, exemplos, vários, de competência, inteligência, virtuosismo, criatividade e irreverência: Joana
D'Arc (heroína francesa), Madre Teresa de Calcutá (a missionária do século XX), Simone
de Beauvoir (filósofa), Christine Lagarde (presidente do FMI), Angela Merkel (presidente da Alemanha), Tarsila do Amaral (pintora brasileira), Cecília Meireles e Cora Coralina (poetisas brasileiras) e, ainda, Dilma Roussef (presidente do Brasil) e, mais
recentemente, Fabiana Murer (atleta brasileira recordista mundial em salto com
vara).
O homem de hoje vê a mulher como um ente econômico, capaz de
trabalhar, ganhar dinheiro e ajudar nas despesas do lar, ou seja, um aliado que
suscita, porém, ameaças ao se encontrar competindo no mesmo mercado de trabalho
com o próprio homem. Por outro lado, a mulher continua sendo aos olhos
masculinos fonte de prazer (menos agressivo do que objeto de prazer), mas que,
ao mesmo tempo, reclama, reivindica (ou seja, também aborrece, incomoda).
A mulher atualmente se vê como um ser multifacetado, muitas
vezes, multidilacerado, porque dela se exige atuação na vida doméstica e na
vida profissional. E para conciliar os cuidados que tem que ter com o lar (filhos,
marido e casa) e os cuidados que tem que ter com o trabalho (compromissos e
horários), suplicaria para o dia ter mais do que vinte e quatro horas (não se
esquecendo, por óbvio, do tempo necessário aos cuidados com a beleza).
Dela se espera, agora, a perfeição em todos os sentidos, dignos
de uma deusa, sem o ser, porquanto deveras humana, que sofre e se angustia
diante de tantas cobranças. Clarice Lispector, escritora brasileira consagrada,
desenhou poeticamente esta circunstância da mulher pós-moderna em sua obra "Água Viva": "Liberdade? é o meu último refúgio, forcei-me à
liberdade e aguento-a não como um dom mas com heroísmo: sou heroicamente
livre".
A criança que, com seu olhar puro, capta a essência, para ela, lógico,
a mulher serve para amamentar, fonte de "prazer", dar o alimento, e
mais do que isso, dar o carinho e o amor, tanto quanto necessários à
sobrevivência. Deusa, aqui, sim, capaz de dar à luz, de gerar vida em seu ventre.
Em suma, a mulher hoje é caleidoscópica, que se fragmenta para
formar um todo, mutante, adaptável. É uma superpotência, turbinada física,
intelectual e emocionalmente, mas que não deixou a sua essência de ser a Grande
Mãe, um coração batendo no mundo.
Salve a mulher, salve rainha, cheia de graça!
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