sábado, 18 de abril de 2015

A Inveja







A Inveja (divindade alegórica)

Os gregos tinham feito da Inveja um deus, porque a palavra ftonos, que, na sua língua, exprime esse defeito, é do masculino; os romanos consideravam-na uma deusa.

O seu nome, Invídia, é derivado de um verbo que significa "olhar com maus olhos". Para garantir os seus filhos do mau-olhado, isto é, da influência do gênio maléfico, os gregos recorriam a práticas supersticiosas, e o mesmo acontecia com os romanos.

Representava-se essa divindade sob os traços de um velho espectro feminino, com a cabeça cercada de cobras, os olhos vesgos e fundos, a tez lívida, uma horrível magreza, serpentes nas mãos e outra roendo-lhe o coração. Algumas vezes põe-se a seu lado uma hidra de sete cabeças.





A Inveja é um monstro que o mais brilhante mérito não pode sufocar.

Mito e Mitologia

Primeiramente, vou  tercer  algumas considerações sobre o mito e mitologia.

Mito vem da palavra grega mythos (μῦθος) que pode ser traduzido como discurso ou narrativa.

Os mitos são narrativas utilizadas pelos povos antigos para explicar fatos da realidade e fenômenos da natureza que não eram compreendidos por eles. Fornecem uma explicação do real, no que diz respeito a certos fenômenos naturais ou a algumas facetas do comportamento humano. Os mitos se utilizam de muita simbologia (linguagem simbólica), personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Todos estes componentes são misturados a fatos reais, características humanas e pessoas que realmente existiram. Um dos objetivos do mito é transmitir conhecimento e explicar fatos que a ciência ainda não havia explicado, retratando e descrevendo a origem e suposições de alguma cultura, explicar a criação do mundo, do universo, ou qualquer assunto de difícil explicação.

A Mitologia  é o estudo de mitos, lendas e a interpretação dos mesmos em alguma cultura.

Mito da MEDUSA




Uma belíssima história. A inveja sempre foi um dos piores sentimentos. E a deusa Atenas não suportando ser preterida em sua beleza usou de seu poder para destruir aquela que ameaça o seu reinado. É sempre assim não é mesmo? As pessoas usam o poder para destruir os que incomodam mesmo que involuntariamente. Uma bela reflexão com um excelente aprendizado.




O casal de deuses marinhos, Fórcis e Ceto, tiveram três filhas: Medusa, Esteno e Euríale. Como eram muito belas, Atenas, a deusa da sabedoria, escolheu a primeira para ser uma sacerdotisa em seu templo. Para que assim fosse, a jovem deveria ter uma beleza excepcional e ser ainda virgem. Medusa então se tornou a mais bela sacerdotisa de Atenas. O seu belo perfil e lindos cabelos, que lhe cobriam metade das costas, chamaram a atenção dos adoradores de Atenas, deixando a deusa um pouco enciumada. Mesmo sabendo que era desejada pelos homens, Medusa só se preocupava em cumprir perfeitamente suas funções no templo.

Porém, não eram somente os homens que a desejavam, o deus do mar, Poseidon, intencionou possuí-la assim que a viu. Ficou tão apaixonado que faria qualquer coisa para isso. Mas Medusa, como sacerdotisa jamais poderia sair do templo. Então, disfarçado, escondeu-se atrás do grande altar e, quando não havia mais ninguém no templo, surpreendeu Medusa e a possuiu contra a sua vontade.

Atenas, quando soube que seu templo havia sido violado, descarregou sua ira na inocente Medusa. Primeiro, transformou-a num ser mortal, depois escureceu sua pele e a revestiu de escamas de réptil. Mas seus cabelos continuavam belos e sedosos, então a deusa os transformou em serpentes. Medusa ficou parecida a uma velha medonha e, mesmo se desculpando, implorando que estava grávida e exigindo justiça, não foi perdoada. Por fim, Atenas determinou que todos que olhassem para Medusa se transformassem imediatamente em uma estátua de pedra. Medusa foi viver com as irmãs em uma caverna, no extremo ocidente da Grécia. Eram chamadas de “as irmãs górgonas”, porque a cada dia se tornavam mais feias e repugnantes. Todos se esquivavam de passar perto com medo de virarem pedra.

Em uma ilha próxima, o tirano rei Polidectes raptou Dânae, mãe do jovem e valente Perseu. Ameaçando violentá-la, exigiu que o jovem lhe trouxesse a cabeça de Medusa. Mas como realizar uma proeza dessas se também ele, como todos os mortais, temia o poder do olhar da górgona? Sensibilizada e querendo dar um fim àquele episódio, que poderia até manchar sua imagem, a deusa Atena ajudou Perseu cedendo a ele o elmo de Hades, que lhe tornava invisível, as sandálias aladas de Hermes, um alforje para transportar a cabeça da Medusa e um escudo de bronze brilhante, para que ele pudesse enfrentar as três irmãs. Perseu entrou na caverna enquanto elas dormiam e, mirando o pescoço de Medusa pelo reflexo do escudo, separou a cabeça do monstro, colocou-a no alforje e saiu da caverna voando. Chegando à ilha, salvou sua mãe e presenteou a deusa Atenas com a cabeça decepada, que continha o mesmo poder transformador de quando era viva. Atenas pregou a face da Medusa em seu escudo e lá ela está até hoje.




Não há quem não se sensibilize com a história de Medusa, da injustiça que sofreu e do seu trágico fim, e não se perguntam por que Atenas preferiu puni-la ao invés de vingá-la. Fazendo parte de um panteão de deuses masculinos, Atenas deveria ficar ao lado deles e garantir seu status ou decepcionar os humanos e perder sua condição da deusa mais amada na maior cidade da Hélade? Ela preferiu a primeira versão. Já Perseu, o assassino de Medusa, passou à história como herói.


A inveja como sentimento negativo

Inveja. O que é?




Tristeza pelo bem alheio ou alegria pelo mal do outro, desgosto, ódio ou cobiça aos bens alheios. 





É um sentimento de inferioridade, fruto da comparação que fazemos entre nós e o outro em algum aspecto específico: ou nas posses materiais, na casa, no carro, na roupa, no dinheiro ou nas suas qualidades psicológicas, morais, físicas, sociais ou espirituais. 



Ao nos sentirmos menores do que os outros, nos aumentamos, nos vangloriamos, nos enaltecemos para evitar o mal-estar do desequilíbrio. Falamos excessivamente bem das nossas próprias coisas e, ao mesmo tempo, procuramos diminuir o outro através de crítica. Quando criticamos alguém, quando diminuímos, ofendemos, quando temos necessidade de falar mal de alguém, provavelmente estamos nos sentindo inferiores a ele. A inveja é a incapacidade de ver a luz das outras pessoas, a alegria, o brilho, a luminosidade de alguém, seja em que aspecto for, porque na verdade, não se percebe ter essa mesma luz.

Olho Gordo



Desde criança ouvimos falar que não devemos contar algo de bom que está para nos acontecer antes que esteja tudo muito certo, o famoso "olho gordo". Essa crença antiga permanece até hoje e nasce de uma longa observação popular. O “olho gordo” é outro nome para a inveja. Popularmente, “o olho gordo” é um olho que atrapalha, faz mal, danifica. O principal prejudicado na inveja não são os outros, mas nós mesmos, pois é destrutiva, não produz mudanças, diminui a autoestima, destrói o crescimento pessoal, fazendo com que o invejoso se contamine de ódio. 



O invejoso se utiliza muito da projeção, tornando más as pessoas que são boas, onde as qualidades do indivíduo invejado ficam perdidas porque não são percebidas, colocando todos os sentimentos ruins naquele que é objeto de sua inveja. Ou seja, por negar os próprios sentimentos negativos que há dentro de si, passa a projetar no outro. "O outro é mau, eu nunca". A pessoa dominada pela inveja tenta diminuir o outro a todo custo, numa mistura de raiva e tristeza por tudo que ele tem e conquista. 



Quando a inveja é inconsciente é muito mais fácil de ser projetada e também negada. Aprendemos ainda, desde muito cedo, a comparar, pois somos constantemente comparados com o irmão que é mais bonzinho, com o primo que tira boas notas ... Isso acontece na escola, na família, na sociedade e começam as humilhações e as críticas, fazendo-nos sentir cada vez mais incapazes de ser e obter o que o outro tem. Isso acaba gerando sentimentos de impotência, inferioridade e insatisfação consigo mesmo. Há uma tendência a supervalorizar o outro com tudo que ele tem e desvalorizar o que temos. A inveja geralmente surge do sentimento de sentir-se incapaz, percebendo o outro como tendo todos os atributos que acredita não ter. A competição, tão incentivada no campo profissional, também pode ser geradora da inveja.

Como combater a inveja?

Olhar para nós mesmos sem desejar estar no lugar do outro, ao invés de olhar para o outro e tomar o modelo de vida do outro. Tomar o outro como exemplo positivo e não desejar estar no lugar dele. Devemos valorizar todo nosso caminho até aqui. Quanto você não superou, não conquistou? É possível admirar o outro e não mais querer viver a vida do outro. 

É preciso ter consciência do que é ser feliz para você! 




Devemos ter sempre em mente que somos todos seres capazes de nos transformamos naquilo que gostaríamos de ser e ter, transformando cada sonho em realidade, ocupando nosso tempo em buscarmos cada um deles e não mais perdermos parte de nossa vida focados no que o outro tem ou é, ou tentando destruir quem conseguiu o que não conseguimos. O diferencial acima de tudo é acreditar em si mesmo, gostar de quem somos e buscar os próprios sonhos!

Aura - poderoso escudo


A nossa aura, quando equilibrada, saudável, brilhante, se constitui num escudo que nos defende das irradiações inferiores, como, por exemplo, pensamentos de inveja, ciúme, vingança, ódio, etc., que estão contidos no espaço que nos circunda, em forma de ondas mentais, prontas a alimentarem poderosamente o nosso campo energético, se sintonizarmos com elas.

Por que a reforma íntima ou interior?

É preciso renovar as esperanças interiores, tendo por meta o fortalecimento da fé, a solidificação do amor, a incessante busca do perdão, o cultivo dos sentimentos positivos e a finalização no aperfeiçoamento do ser. Devemos substituir nossos defeitos, como o orgulho, a inveja, o ciúme, a agressividade, o egoísmo, a maledicência e a intolerância, por virtudes, tais como a humildade, a resignação, a sensatez, a generosidade, a afabilidade, a tolerância e o perdão.

A perspectiva budista



De acordo com a perspectiva budista, o sofrimento humano advém, quase todo, dos três venenos – a cobiça, raiva e ignorância. A forma mais básica de cobiça é o apego egoístico “eu”. De acordo com o Sutra sobre o Bom Comportamento e a Boa Fortuna, a cobiça nos escraviza, pois nossos desejos egoístas servem apenas para nos aprisionar de maneira cada vez mais forte às nossas fixações tacanhas. 



A cobiça leva-nos a querer mais quando já temos o suficiente. Ela causa conflitos. E nos leva a enxergar que a cooperação seria muito melhor entre as pessoas.  E a cobiça está ligada à inveja. Nenhuma prática é mais eficaz que a bondade amorosa para suplantar a cobiça  e as muitas tendências negativas que vêm a ela atreladas, como a inveja. É essa virtude é uma das paramitas do budismo, bem como a moralidade, as quais nos levam a atravessar para a outra margem, em busca da perfeição.  Virtudes que nos levam à iluminação.




Considerada a transcrição do Verso dos Sete Budas, aqui fica meu recadinho:


Nunca faça o mal.
Faça sempre o bem.
Purifique a mente.




Que tal tentarmos???






Nenhum comentário :

Postar um comentário